
Causo do Zé Maria Silva, O Maior Contador de Causos de Itararé, São Paulo, Cidade Poema
'O Azulão' - Causo narrado por José Carlos Nogueira, que ouviu de seu pai, o saudoso Farmacêutico José Nogueira, de Itararé-SP.
'' Este causo aconteceu em Itararé, SP, nos idos de 30. Nhô Quinzinho tinha a fama de ser o maior comprador de suínos do sul paulista. Baixinho, usava sapato de salto pra compensar. Vaidoso, tingia o cabelo e o bigode. Sentia orgulho de ser chamado de garanhão, labioso. Mas seu orgulho mesmo se chamava Cigana, uma mula de passo picado. Num 25 de março agourento, ele resolveu fazer uma viagem no lombo da mula sertão acima. Em qualquer das paradas, dizia:
- Animal tal qual não tive notícia!
Dias depois, chegou ao destino, a Fazenda Santa Genoveva, do compadre Propício Assunção.
Ao passar a porteira, encontrou a comadre Zefa Polaca, loura, olhos azuis, que lhe disse pra aguardar o marido, que tinha saído. Tomaram café, depois licor, Dona Zefa começou a sorrir maliciosa até que o inevitável aconteceu: o compadre passou-lhe uma cantada. Ela não disse que sim nem que não. Seu Propício chegou finalmente e foram jantar. A comadre, sempre solícita, ofereceu inclusive uma moela para o visitante. Mas, de repente, o mundo caiu com a fala de Dona Zefa:
- Propício! O cumpadre me fez uma proposta quando nóis tava sozinho!
Pronto, a moela entalou na garganta do coitado.
- Qual foi muié?
- O cumpadre qué trocar a Cigana pelo cavalinho Revortoso.
Nhô Quinzinho sentiu alegria e tristeza ao mesmo tempo, mas achou melhor não discutir e dar a mula. No caminho de volta, vendeu o Revortoso e pegou um trem. No mesmo vagão que ele, um violeiro dedilhava uma moda: 'Eu tenho uma mula preta...'. Quinzinho não se conteve e disse:
- Pelo leite que você mamô na tua mãe, não toque mais isso. E chorou que nem criança.'
'O Garanhão, a Mula e o Petiço' - causo adaptado do livro As Batalhas de Itararé, de José Maria Silva, o Zé do Ponto, primo de Zé Bocca
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