"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

BLOGUE ARTISTAS DE ITARARÉ CHÃO DE ESTRELAS

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Araken Vaz Galvão, Crônica de Viagem, Valença, Salvador, Bahia




Crônica de Viagem:


Bahia de Todos os Brasis

Eu nunca me senti tão no Brasil
Como no Estado da Bahia



-Quando você ouvia Caymmi, João Gilberto, Maria Bethânia ou mesmo Caetano Veloso cantando a Bahia, você ficava achando aquilo tudo meio que ocasional ufanismo artístico-musical. Pensado bem, era sim, uma louvação à terra mãe de todas as igrejas, todos os santos, de Caymmi, Jorge Amado, Glauber e outras feras, artistas de nosso Brasil de todos os sonhos e esperanças.
-Falando sério, sempre via aquilo como um xodó, dos cantares aos empolgados convites, tipo, se você não foi à Bahia, então vá; fica querendo voltar... fica querendo ficar... Será o impossível? Pois, oriundo do sul brasilis eu me imaginava na Bahia, entre coqueiros e os quetais da comida apimentada, ouvindo axés de Ivete a trios elétricos, e só sondava o devir, de cair na gandaia nesses pagos belíssimos do Brasil nordeste, tão cantado em verso e prosa, imagens, sons, poemas e historiais.
-Nessas minhas idas e vindas pelo maravilhoso e universal mundo da web, estando na net e fazendo amigos virtuais, de Portugal ao México, além de amigos nativos, de Florianópolis à Cabo Branco, eis que fiquei sabendo de um paladino da cultura, destemido ex-guerrilheiro que representando a brava gente brasileira lutou contra o que Millôr Fernandes tachou de a Canalha de 64. E mais um amigo virtual se tornou presencial. Sabendo-0 com promotor cultural, paladino das artes literais desses sertões dos brasis gerais, cineasta, historiador e escritor de mão cheia, um dia caí na lábia do Companheiro Araken Vaz Galvão, e pensei, citando o Caetano Veloso de “Alegria Alegria”, Por que não? Eu vou... Por que não?... Eu vou... Sem lenço e sem documento...
-Araken é um desses brasileiríssimos brasileirinhos que cantam a terra mãe, correm atrás de espaços públicos para que toda arte nativa seja valorada contra exóticas correntes emboabas, ele mesmo uma mente brilhante, um coração de ouro, e do alto de seu ser fora de série e mesmo currículo em trincheiras pela legalidade, um dia aportou em Valença, Costa do Dendê, interior praieiro da Bahia, e lá, com a musa vítima dele, Alzenir, fincou raízes, depositou bandeiras, e com amor pelo chão criou a Fundação Cultural que leva seu nome e da esposa, sendo o aconchegante local um point regional e marco de divulgação, agregamento e pousada de criadores em potencial, nacionais e da sulamérica latina em pó. Com um handicap desses, fiquei só sondando a estadia na pousada. Eu e a minha musa vítima também, Rosangela.
-Acertados os necessários e naturais dados viajosos, janeiro de chuvas em Peruíbe e mesmo em minha aldeia Santa Itararé das Artes, peguei o Gol e fui pousar em Salvador, Bahia, estadiando a principio no belo bairro de Pituba, guiado por um Taxista “gente mais maior de grande”, o Arnaldo, indicado pelo amigo Araken, e, de cara, sondando o devir, me senti em casa, muito bem tratado, comida da boa e da melhor qualidade, na verdade, eu, um capiau oriundo das plagas do chamado sul maravilha, nunca me senti tão dentro do meu próprio Brasil S/A, do que em São Salvador. E lá me fui, todo turista pimpão e curioso, conhecer o mar da Bahia, o mar que ainda ressoa e louva Caymmi nos entre-lugares das marés; fui ver o que a bahiana tem no Pelourinho, quando me vi, estava dentro do meu próprio coração, à vontade, tomando minhas cervejas e fotografando, um perfeito caipira paulista na primeiro Capital do Brasil; um jeca interiorano e metido a poeta nas horas etílicas, caindo de amores pela Bahia de todos os santos, anjos, mestiços, brasilindios, silvícolas, afrobrasilis, e vai por aí o bolero-blues, quero dizer, os sambas, axés, cariris e quetais. Saravá, São Jorge!
-Depois de devidamente batizado pelo calor, sol na crista das ondas, serelepe me caí fora e fui, pelo mesmo taxista Arnaldo, proseador de primeira, pegar o ferry-boat destino a Valença, terra de estadia de meu grande novo amigo que começou lítero-presencial e acabou, claro, etílico-presencial. Vão vendo. Saindo da balsa, peguei um ônibus e enfim, cheguei a Valença, cidade que tem praia, rio – maior e mais bonito que Paraty – e fui então muito bem recebido e até demais de muito bem acomodado pelo casal Araken Alzenir, pois, como eu sempre brinco, atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher que lhe dá estrutura funcional e sustentação afetiva. E falo também por mim, pela musa Rosangela que organizou a lógica de minha loucura criacional, e não é fácil, confesso.
-E lá conheci alguns membros da família do Araken, o genro Dr Flávio, médico de Vitória, esposa e filhos, amigos intelectuais da cidade, quando visitei o belo jornal da Valença, fui me aconchegando, me reconhecendo, andei pela cidade, a praia bem gostosa de Valença, até que, para ainda maior surpresa me senti em casa e afinado com as aconteças da Fundação e da gostosa Casagrande do Araken, quando dei-me com a presença de um dos maiores talentos do Brasil, o artista, músico, cantor, compositor, show-man, Xangai que lá aportou de violão mavioso, alma e voz plangente, para dar um show particular e caseiro, para mais ou menos vinte pessoas, e onde eu vi, ouvi e adorei escutar e curtir meu Brasil cantando pelos sertões das terras do sem fim, principado pelo criador de bodes e cantador Elomar e em louvações do Xangai, pontuando cada magna interpretação com graceza, talento e, show-man, dando voz ao povo, sim senhor... Axé Xangai! Cismando por lá, até fiz uma letra-poema em homenagem ao Xangai. Se ele me der a honra de musicar, vou sentir feliz e honrado:


Pássaro-Flor
(Poema Querendo ser Letra de Toada)

Para o Artista Xangai

1
O cantador é aquele que sai de si
E em lá e em sol e chuva vai
A sal; ou açúcar que aflora e ri
Ser composição que do coração sai

(Refrão)

A louvação é andor
E luar e sertão...
Entre praias desses brasis gerais de tez chão
Porque é afinação
E dá viço ao amor
Feito da música um lavrador... (BIS)

2
O cantador é alma nau a singrar
A alma do povo em esplendor
Daquilo que a natureza sola no ar
E louva no peito o voo do pássaro-flor
Canta a estrada em seu lamento
Violeiro e voz remando louvor
De tudo o que o povo tem dentro
Do ser de si sentimento aflorar

3
O cantador é o poeta da voz
Além da rima em seu sustento
E quando reina consigo a sós
Solta o espírito sinfonia do vento
Cantando é viajoso estradeiro
De si mesmo caminheiro e plantador
Evoca a alma do povo inteiro
E louva sons do palco brasileiro

Final (Para Acabar)

Canta a sua louvação canta
O cantador tem na garganta
O esmeril do pássaro-flor
E se mal se cabe em si de tanto amor e dor
Soa todos os brasis em seu louvor...

(Poema-letra de MPB feita em Valença, Janeiro 2011)

-Pois é isso, minha gentehumana, estradeiros, turistas e curiosos. Sete dias na Bahia, e tirei as cracas do coração, as tristices da alma, andei pelas ruas sem calçadas de Valença, sondei beiras de rios, ouvi as vozes e cantares das ruas, e pude beber da fonte lítero-cultural-historial que é o Companheiro Araken Vaz Galvão, uma sumidade em conhecimento de música, literatura, cultura norte-nordestina, e pudemos, então, trocar figurinhas sobre o Brasil que venceu o medo, da esperança que venceu o medo, e falamos de idéias e perspectivas, quando pude tomar lições do Mestre Aralen, a quem pedi "a bença", como se diz em minha terrinha, Itararé-SP, e pude desfrutar da carinhosa recepção que eles da fundação e da casa me proporcionaram, feito uma Bahia-livro-aberto; e pude receber abraços e gracezas das crianças que enfeitaram a casa, afinando com a carente Clarinha, neta do Araken, trocando impressões, tomando lições do que é que o Brasil tem e às vezes se enfronham pelos quintais, sertões a dentro, testemunhos de vidas, vilas, viços, bravezas, causos e acontecências desse país que amamos tanto, de tantas riquezas impunes, lucros injustos, propriedades-roubos, e históricos contrastes sociais. Sim, hermanos, a história do Brasil passa primeiramente pela Bahia, tudo começou ali, a verdadeira capital desse Brasil de todos os santos, dezelos, achados e misturanças.
-Para não dizer que não falei de flores, os projetos do Araken, as propostas. O referencial de cultura que ele muito bem representa para o estado da Bahia. “A luta com a palavra é uma luta vã”, cantou Drummond. Mas Araken está lá, permanece, com fibra, forte e rijo, luta, corre atrás, bravo guerreiro das artes, recebendo muito bem, a cara limpa e a coragem de acreditar da arte como libertação, pontuando sua vida de luta agora com palavras, com otimizadas bandeiras pela promoção cultural, dando voz aos personagens rueiros que afloram pelos sertões, praias e cantos de um povo, um lugar, um tempo novo.
-

Silas Correa Leite
Poeta, Mochileiro, Plantador de Sonhos, Recolhedor de Universos e Prosas
E-mail: poesilas@terra.com.br
Blogue: www.portas-lapsos.zip.net

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