"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

BLOGUE ARTISTAS DE ITARARÉ CHÃO DE ESTRELAS

"Artistas de Itararé, Chão de Estrelas"

Contatos: artistasdeitarare@bol.com.br

Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Poema Para Miltinho Koning, Um Grande Amigo Ausente




PRELÚDIO PARA UM GRANDE AMIGO AUSENTE

Para Miltinho Koning, In Memoriam

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
Nas coxias ribeirinhas em cervas de ranchos de Itararé boêmia
Contemplando vôos de andorinhas sem breque, ou o reflexo do dourado
Num canto piscoso e sereno como a tua cara ridente...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
No aperitivo do bar onde a sorte mesmo eram os companheiros
Ou ouvindo o sanfoneiro Walter Mazorca solar um Chão de Estrelas
Que é onde hoje repousas a tua alma passarinheira...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
Na gráfica do Jornal Guarani imprimindo tantas cores de tua vida
Ou saboreando os pratos deliciosos que a tua Musa Zélia
Fazia com o coração na mão para te ver todo pimpão...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
Chorando a perda do neto primogênito que alvoroçou a tua alma
Contando causos ou ouvindo as contentezas do caçula Marcelo Tatu
Em tardes fagueiras na varanda de tua casa na Rua Campos Sales...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
Quando olharmos os astros luminosos no céu noturno de Itararé
Porque certamente estarás imprimindo saudades no infinito
E abençoando os que amaram muito e sentem muito a tua falta...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
E vamos confiar que no além estarás com a tua ternura límpida
Imprimindo O Guarani para o rincão de uma “Itararezinha Celeste”
Com poemas do Pedro Pinto presente e crônicas do Melilo...

Nós sempre vamos te achar, Miltinho
Num dedo de prosa no Medrado; num papo entre o aperitivo
E tardes de futebol de várzea em que torcias conosco no gol ou no olé
Pois lágrimas de nossa saudade ainda choram prelúdios em Itararé...

-0-

Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes
www.artistasdeitarare.blogspot.com
E-mail: poesilas@terra.com.br




segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Desmoralização da Cultura Brasileira - Paulino Rolim de Moura

Palácio Vadico, Legislativo Municipal Itararé



Crônica/Artigo/Opinião



A DESMORALIZAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA – Paulino Rolim de Moura



Parafraseando uma grande citação clássica, mesmo se eventualmente não concordasse com alguma circunstancial posição que o visionário Ecologista e Promotor Cultural de renome, o Jornalista Paulino Rolim de Moura defendesse, exemplificasse ou conduzisse criticamente sob determinado viés ou enfoque técnico-político, no entanto, confesso que defenderia até a morte o direito que ele tem de se pronunciar, até de livre expressão (prevista na Carta Magna Constitucional) não apenas (e também) como titular fundador do primeiro tablóide tupiniquim de vanguarda sob a ótica da Ecologia e de denúncias importantes e verdadeiras, O TROMBONE, como também pela experiência de, fazer-se valer da vox populi para expressar seu desprezo, sua mágoa, sua transparente revolta contra os maus brasileiros que vêm afundando cada vez mais o nosso tal berço esplêndido eternamente a espera de ser um país de um futuro que nunca chega para os fracos & oprimidos, a maioria absoluta da carente população e sua periférica "sociedade anônima".

Quando a Folha de São Paulo, tido como um dos melhores e mais democráticos jornais do Brasil, publicou, ao final de um ano passado aí, uma lista dos dez melhores livros, trabalhos ou o que quer que fosse, da literatura poética mundial, estranhou-me sobremaneira a ausência de mais nomes de ilustres brasileiros talentosos dentro do próprio processo histórico como um todo.

Afinal, não devemos ser xenófobos, mas também não temos que assinar assim, aleatoriamente, embaixo do que prega grande parte da mídia nacional ou internacional, sempre bancada por agiotas do acumulativo e inumano capital estrangeiro, exóticos emboabas interesseiros que bobamente repetimos como se fôssemos macacos-amebas nessa continental "terra brasilis".

Já não chega sermos dopados com a horrenda "music" comercial (pastiche) norte-americana de terceira categoria, os filmecos de ufanismos e agressões prepotentes (violência generalizada), as guerras sazonais para desviar entreveros sexuais no salão oval de um ex-presidente depravado, e ainda temos que agüentar nomes que mal nutrem o ratar tantã de nossos consumidores do alheio, a qualquer custo, a qualquer preço?

Pois, nessa época dos Melhores, dos Tais do Milênio, novamente o Jornalista idôneo e lúcido, Paulino Rolim de Moura, põe o dedo na ferida da desvalorização da cultura brasileira, entregue que estamos hoje à mesmice "online" de um neo-esoterismo fora de propósito maior do que o lucro puro e simples.

E nesse famoso tablóide denominado O Trombone, numa edição de Janeiro de 2.000, Paulino Rolim de Moura, ferino mas verdadeiro, ao seu estilo, seu famoso modus operandi (vanguarda é transparência é outra coisa), senta a pua em cima dos tais "melhores" só porque alguém quer, não porque realmente é ou deveria ser. Onde já se viu?

Esqueceu, a Folha de São Paulo, Poetas como João Cabral de Melo Neto, Hilda Hist, Jorge de Lima, Vinícius de Morais, Carlos Nejar, Manoel de Barros, só para citar alguns, de passagem, claro. E lá estava apenas e tão somente o esplêndido Carlos Drumond de Andrade. Pergunto: e os outros?

A poesia brasileira, quer queiram, quer não, faz séculos que está entre as melhores do mundo. Coloquem-na em confronto com Brecht, Neruda, Pessoa, Maiakowski, Rilke, Ezra Pound, Whitmam, Yeats, Garcia Lorca, José Martí, e verão que lá estamos nós, se não num eventual (por época, tipo, estilo, montante, crista da onda, luzes da ribalta, etc.) num empate técnico, quando não dando de dez a zero.

Por que esse puxar o caroço arigó (e jeca) para o hambúrguer de minhocas dos outros?. Parece coisa de babaquara com o pé na cozinha de um nhennhenhen janota, boçal e paquidérmico. Para dizer o mínimo.

Se a Poesia brasileira é uma das melhores do mundo, que bonito é passar-se por pseudo-erudito, fazendo citações em inglês prosaico, francês arcaico, enquanto nossos "gerentes editoriais" (SIC) desprezam livraços de autores nacionais, inclusive premiados ou mesmo com trabalhos elogiados e expostos no exterior, no primeiro mundo? Cada editora chinfrim de país periférico tem o seu "avaliador" editorial que merece? Deve ser isso.

A literatura brasileira, salvo honrosas exceções (e óbvios ululantes) hoje vive de panelinhas. A Folha de São Paulo é apenas uma delas?. Só publica a tchurma da casa, a trupe atrelada de mala e cuia. Mas existe ainda muita luz além desse túnel, na periferia sociedade anônima, por exemplo, que é a arte marginal, ritmos & blues, underground, como se diz.

Em São Paulo a João Scortecci Editora vem lançando autores novos a honestos preços módicos e parcelados. A Editora Ciência do Acidente também arrebenta espaço sério pelaí. No Rio de Janeiro a Sette Letras, o Jornal Blocos (ótimo!), no Sul a Editora Grafite e, no Paraná teve um brilho passageiro (será que ainda resiste?) a Lagarto Editores. Poetas do calibre de Castro Alves, Guilherme de Almeida e Paulo Bonfim foram esquecidos. Então a lista dos "dez mais" não era séria? Até porque, muita poesia dita moderna nem chega a ser poesia.

E, muita poesia rotulada (mal rotulada?) de neoconcretista ou coisa que o valha, nem prosa poética chega a ser, pois, até mesmo funde uma bronca (e reles, ignóbil, vil) anti-Poesia propriamente dita.

É por isso que, hoje, parafraseando uma adágio antigo, dizemos que, um país como o Brasil se faz "com fome e gringos?" E as privatizações-roubos? E a prostituição infantil e política (liberal)? E a corrupção endêmica institucionalizada em todos os níveis? E o Estado Público propositadamente falido (na verdade sempre foi privado)? E as Riquezas Injustas (São Lucas), Riquezas Impunes (Millôr Fernandes)? E o neoliberalismo câncer que só globaliza a miséria absoluta, quando a tal "modernização" apenas provoca insanas demissões e, com isso, as ações ganham preço alto no mercado?

Que raio de capitalhordismo selvagem e amoral é esse? O Futuro ao FMI pertence.

Pior: e as músicas escolhidas pela Rede Globo (engodando-nos com seu "open-doping" – lavagem cerebral) como se as melhores? Uma vergonha. Esqueceram – tiveram a coragem de – excluir o Trem das Onze (Adoniram), Como Nossos Pais (um hino-poema de uma geração, de Belchior), Casa no Campo (de Zé Rodrix e parceiros), Nas Asas da Panair (de Milton Nascimento), Romaria (Renato Teixeira), Que as Crianças Cantem Livres (Taiguara), As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos) Se Eu Quiser Falar com Deus (um belíssimo "spiritual" do talentoso Gilberto Gil), No Tempo dos Quintais (Sivuca e companhia), Gente Humilde (Canhoto, Vinícius e Chico Buarque), O Índio (um achado lítero-filosofal de Caetano Veloso), A Banda (de Chico Buarque de Holanda), Viola Enluarada e tantos outros sucessos, apelando a direção global (plim-plim) ao carioquismo de embuste, ridículo, rigor "formol", pseudo-modernoso...

E lá vem uma nova lista dos Dez Mais Craques de Futebol, e aí vão engolir tipinhos como Edmundo, o Animal, o inconseqüente baixinho Romário, e, com certeza – com tantos outros disparates – algum zé-manés. E ainda tivemos de, mesmo que de forma temporária (olha a lama!) conviver com o – salve-se quem puder – sorriso de lagarto do Roberto Campos na Academia de Luto, quero dizer, de Letras. Charles de Gaulle tinha realmente razão. E o restinho de um "brazyl" continua nada sério, ainda. Fome e progresso? Que Deus tenha piedade de nós.

Concordo em gênero, número e grau com o brasileiríssimo Paulino Rolim de Moura, cutucando onça globalizadamente servil e estúpida com vara curta, brigando com oligopólios da chamada "mídia atrelada", pois, sabemos muito bem (somos politizados para tanto?) que foi ela, a suspeita Mídia, quem elegeu Collor e FHC (Um Fernandinho janota sem partido e um outro Fernandinho boçal com seu tucanato murista cheio de covas,), enquanto, também – e mostrando a cara da incompetência ética (ou sem visão social-plural-comunitária) – publica artigos pamonhas (...) de Paulo Maluf, o maior corrupto do Brasil desde 1500 que, em qualquer país do mundo estaria preso (no país de origem de sua famiglia teria as duas mãos cortadas), e aqui tem espaço livre, e estranhos "arquivamentos" de demoradíssimos (SIC) processos por intermédio de um desembargador no mínimo suspeito. Vade Retro.

Assim, parabenizo O Trombone e Paulino Rolim de Moura. Como poeta é todo aquele que respira pelo fio da navalha da criação (feito antena da época, para citar Rimbaud), que ele continue ativo, dinâmico e verdadeiro, sendo um lutador contra tantas erranças de falsas sabenças, apontando O Trombone para os que pensam que pensam, os que acham que são o que não.

Se a verdadeira Cultura brasileira sobrevive às duras penas, é porque existem guerreiros como ele, sem ligações espúrias com falsos mecenas, com falsos "artistas" de panelas, em terras de Tiazinhas, Feiticeiras, "bunda-music", Hebes-Amebas, Timóteos e Hildebrandos-Nayas de ninho de escorpiões espúrios. Em terra de cego, quem tem olho monta literatura neo-consumista? Deve ser isso.

Eu por mim, prefiro Pixinguinha a Reginaldo Rossi, Manuel Bandeira a emboabas tirados da cartola pouco humana do Tio Sam com seus mil muros de negligências sociais, embustes financeiros e dominios improbos já notadamente em começo de declínio.

E sai de baixo.
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Poeta Silas Corrêa Leite - Membro da UBE-União Brasileira de Escritores – Diretor Cultural do Elos Clube/Comunidade Lusíada Internacional. Correspondente em Sampa do jornal O Guarani, de Itararé-SP. Colabora com vários sites, jornais, revistas, suplementos de cultura, etc. Sites pessoais: www.poetasilas.hpg.com.br – www.silaspoeta2222.kit.net
E-mail: poesilas@terra.com.br – Livro ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS (Romance Místico Virtual) no site: www.hotbook.com.br/rom01scl.htm


Box:

Paulino Rolim de Moura
Titular de O Trombone (jornal tablóide) e Boletim Nacional (Suplemento Literário)
Endereço para contatos:
Paulino Rolim de Moura: Rua Pechi, 71 – São Paulo/SP/Brasil – CEP: 03733-050
Fone: 0xx-11-6641-5937 ou 6641-5937
E-mail Recados (Secretária Neusa Buscko: buscko@terra.com.br)

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Paulino Rolim de Moura atualmente está promovendo uma votação entre intelectuais, jornalistas, escritores e autoridades culturais idôneas, para a sua indicada ao Prêmio Nobel de Literatura, a famosa Poeta Elisa Barreto, de renome nacional, em confronto ao nome oportunista de Ferreira Gullar recentemente bancado por uma panelinha carioca, querendo forçosamente oficializar mais um embuste à já desmoralizada cultura brasileira. Maiores informações, contatem os endereços constantes no box acima indicado. Contatem e assinem as publicações.

Crônica de 2002 – Extraído do Site Usina de Letras

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poemas de Silas Correa Leite

Capa de alguns dos mais de mil cadernos
de rascunhos poéticos de Silas Correa Leite
(desenhados por ele)


Dez Poemas de Silas Correa Leite

Condomínio Via-Láctea


A lua nova sobre o arranha-céu
Com rímel de nuvens e sorriso de miss
Não sabe de janelas abertas
No enorme Edifício Vulgata
De arquitetura espacial.

O edifício e o condomínio têm luas
Como tem ruínas e alguns fantasmas
Da rua olho todos os sinais
Janelas abertas são ruas no breu
Muito além do noturnal.

A lua e o breu noturno no alto céu
O condomínio e seus desenredos
As luzes e as janelas abertas
Talvez a Lua seja uma
Válvula de escape sideral.
........................................................

No céu noturno da cidade grande
O prédio é só cimento armado
Mas a lua é uma janela
No Condomínio Via Láctea
Como um jogo de pinball.

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Declamar Poemas

Para Regina Benitez


Não fui feito para declamar poemas
Ter timbre, empostar a voz, tempo cênico
E ainda dar tom gutural em tristices letrais.

Não fui feito para decorar poemas
Malemal os crio e os pincho fora
Para o poema saber mesmo quem é que manda.

Não fui feito para teatralizar poemas
Mal os entalho e deixo que singrem
Horizontes nunca dantes naves/gados.

Não fui feito para perolizar poemas
Borboletas são pastos de pássaros
Assim os poemas que se caibam crusoés.

Não fui feito para ser dono de poemas
Eles que se toquem e se materializem
Peles de pedras permitem leituras lacrimais.

Não fui feito nem para fazer poemas
Por isso nem cheira e nem freud a olaria
Apenas uso estoque de presenças jugulares.

Não fui feito eu mesmo. Sou poema
Bípele, cervejólo, bebemoro noiteadeiros
Quando ovulo sou fio-terra em alma nau.

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Poema do Cego Pulando Amarelinha

Para Alberto Frederico Correa Santos


O cego pulando amarelinha
Toma o anjo pela mão
Você só vê o gesto táctil do cego, não
Vê jamais o anjo na sua condução
Em cada estágio de saltar sem pisar na linha.

O cego pulando amarelinha
Parece flutuar num balé
E sonda-o a rua de Itararé inteirinha
Perguntando o que nele enseja tanta fé
Céu e inferno; o cego parece que advinha

O cego e a sua amarelinha
Parece um milagre até
Toma-o pela mão o anjo; o cego se aninha
E pula e salta e vence e acerta o pé
Talvez porque céu ou inferno só dentro da gente é.

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Forfé de Pião Rueiro



A madeira na mão um toco de imbuia cheirosa
Pedindo pro Jora da Marcenaria Estrela tornear
O pião pra jogar com a gurizada na rua descalça
Que a fieira tinha tirado de uma cortina de casa

O Seu Jora só perdeu um instantinho-prosa daí
Surgiu o pião rombudo qual coxinha de frango
Marrom lixado e um prego sem cabeça na ponta
Pro bicho correr doido como a bailar fox-trot

O pião na mão e o movimento no colo da idéia
Rua cheia de piás guris moleques curumins até
O sol de Itararé rachando revólver de mamona
Gibis do Flecha Ligeira na mão e tarde ardendo

Então a fila pra assistir a inauguração do pião
O coração tamborilando rabo de olho na mira
Enrolei a fieira na bundinha do pião maroteiro
E fiz panca de Burt Lancaster depois da maleita

Soltei o pião lazarento (que apelidei de Garrincha)
E ele foi de bubuia e fez reviravolteio na Rua Capilé
Foi um deus-nos-acuda dos guris serelepes torcendo
Pro meu pião querido ir de vareio no rio da bosta

Mas o caipora lazarento fez fricote zumbiu e parou
Na minha mão direita como uma roseira de brincar

Eu era criança e Itararé tinha uma barulhança pueril
Cresci virei peão de pegar no batente e fazer poemas

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Poeta Escolhendo Feijão


“Um poeta escolhendo feijão/
Não parece nada poético/
Antes, piegas; na ótica vão/
Onirismos - metáforas do imagético/
Que pedaços ali se haverão/
Como palavras, no profético?/
(Que caldo na imaginação/
A situação até como arquétipo?)/
Um poeta escolhendo feijão/
Está em lavração errada/
As palavras ali não se serão/
Num peneirar de pedra limada/
Por isso os carunchos ficarão/
Além da situação impensada/
E nesse oficio ele é aleijão/
Como um porco, na feijoada”

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A Identidade da Dor (Poema Para o Centenário da Imigração Japonesa)

Hiroshima ainda está lá
Como um espelho
Uma bomba não mata uma cidade
Uma identidade-povo
Uma idéia-espaço

Nagazaki ainda está lá
E reflete Hiroshima
Não pela radiação mas
Pelo que ambas foram e serão

Restos de Hiroshima
Ainda são Hiroshima
Como escombros de Nagazaki
Têm uma identidade silencial

Ninguém mata Hiroshima ou Nagazaki
Ninguém mata a vida
Ou uma identidade histórica e espacial de vida

A bomba não mata a dor
Do que restou da guerra
E essa dor que doerá infinitalmente
Será Hiroshima
Será Nagazaki
Porque a paz confere a dor
Perpetrada na lágrima
Como um desenho arquitetural na saudade
Que a luz lê em sangue
Nas flores de cerejeiras
Como haicais, no átomo

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La Vie En Rose

Leminski morreu de poesia
Ou de cirrose; se vivo fosse
Naturalmente um outro seria
Talvez vencedor de posse
Caetano que fugiu pra Londres
Não morreu e se socorre
A escrever bugigangas hoje
Como se nunca existisse
Hendrix, Joplin; até Cazuza
Se não morresse o que seria?
Lupíscinio não se fez num dia
Só no infinital da boemia
Renato Russo, Torquato, Capinan
Um parafuso a mais tantas vezes
(Ou o anonimato de uma neura vã
Em celeiros de burgueses?)
A vida é cor-de-rosa na juventude
Depois o decrépito vive amiúde
E na velhice a arte louca vegeta
Artista, vanguardista, poeta
........................................................
Morrer criando toda glosa
Em verso e samba e prosa
Foi o clímax de Noel Rosa
Idolatrado

Morrer de velhice por aí
É muito triste ao condenado
Feito Caimy ou Cauby
Cada um de si mesmo em si
Beirando ser esclerosado.

Melhor morrer no auge a criar, de overdose
Jovem portentoso - no suicídio ou na cirrose

Ou restar-se à decadência vil, pobre coitado
E à existência reles e comum ser condenado

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Tomar Chuva


Algumas vezes existi.
Algumas vezes tomei chuva.
Mas quando tomei chuva eu me senti um átomo da água e ali
Fui rio, nuvem, relâmpago, açude, cisterna, foz e quase voei.

Porque tomar chuva é integrar-se à natureza, ser parte dela
Conjugar o verbo haver no sentido mais pleno de seu assento
Eu a chuva e até algumas lágrimas de alegria, êxtase e contentamento
Como se a minha alma-árvore se lavasse por dentro...

E fui chuva e guri e mar e senti minha alma flutuar numa nuvem-nau
Porque eu era a maravilhosa Chuva naquele bendito magno momento

Então a chuva me reconhecendo como parte dela (que o meu espírito o é)
Parou de ser peneiradinha naquele tardiscar cor de rosa-pitanga de Itararé
E o lírio-laranja do sol se abriu e eu me vi ali
No fio-terra, o guri
Angelicalmente de alma lavada
Pronto para enfrentar a cara amarrada
Da vida distante que em busca de mim mesmo a peregrinar escolhi.

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MANDRAKE


O pai prendia a rua:
Cristão não brinca na rua.
O pai desinventava a bola de capotão
De Garrincha, Bellini, Rivelino, Pelé, Tostão.
Crente não joga bola, Deus não gosta.
O pai desproporcionava a infância:
Ler gibis é pecado, não vai pro céu.
E eu era fã do Mandrake, Príncipe Valente,
Flecha Ligeira, Fantasma, Saci e Flash Gordon.

De tanto ler - em casa era castigo ler bastante
De dicionários e jornais à Bíblia
Fiz da minha imaginação uma rua aberta para além da humanidade.
Vi pegadas no céu. Tive rasuras de peregrinações.
Sempre fui muito grosso no futebol, cavalo mesmo.
Um perna de pau que sabia que ki-chute e unha encravada não combinavam
Quando não, por ser crente, era um manteiga derretida, canela de vidro
Que mal sabia dar direito o drible da vaca louca.

Da Poesia fiz almanaque rueiro em fugas letrais
Gibis clandestinos povoaram minha abstração em lavouras-intimidades
Com entrudos de histórias em quadrinhos como se cinesmacope na alma-avelã.
O poeta-caminheiro a escrever acontecências do arco da velha
Pomposos causos pra boi dormir
Entre invencionices desparafusadas e poemas em polaroid.

Assim vim pela vida sendo um guri eterno
Com medo de Deus, com medo do inferno
Chutando a pelota do amargo mundo legal
Para o desmundo das idéias, muito além da triste vida real

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Álbum de Figurinhas



Ai que saudades que eu tenho
Dos meus álbuns de figurinhas de coleção
Que eu cuidava todo trancham, todo pimpão
Quando guri lá em Itararé
À sombra do lar and jazz
Que os anos não trazem mais.

Bolinho de piruá, capilé de groselha preta
O pai floreando o acordeão ou a clarineta
Eu com gibis do Tarzan ou do Flecha Ligeira
E o álbum que devidamente preenchido dava de brinde
De bola oficial de futebol a panela-de-pressão

Com meu belo ki-chute pretinho
Tomava crush de canudinho, e de boné
Jogava bate-bafo na rua descalça e rapelava
A petizada pidoncha da periferia de Itararé.

Um dia chorei de montão
Porque por mais que a vida por bem ou mal ensine
É a frustração na infância que a desilusão define:

-Deixei de ganhar uma bola da capotão
Porque na minha bendita coleção
Faltou uma figurinha carimbada do Belini.


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Silas Correa Leite, Itararé-SP
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Conselheiro em Direitos Humanos (SP).
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net ou www.campodetrigocomcorvos.zip.net
E-mail: poesilas@terra.com.br



Novos Poetas de Itararé




Canto doce

Me vi revivendo em dias sós
e meu Deus!Quanta mudez!
Calei a mim,calei a rima
sem saber que devagarinho,
me dizia a vida
em seus pequenos
e aleatórios pedaços
de canções e anedotas
que o que é doce
permanece
no canto da boca e na ponta dos dedos.
*E de tão tolos que somos,insistimos em sentir o sabor salgado das lágrimas nos lábios e enxergamos apenas a palma de nossa mão!

Ana Raquel da Cruz Proença



Distorção

Assim como a boca que beija
Ao mesmo tempo o corpo anseia
Os sentimentos...os desejos.

Do coração as repreensões cardíacas
Os instintos refutáveis
Frágeis desafios rotineiros

A lua figura no céu
O branco que se perde no ínfimo
O breu e o seu constante delírio

A passividade e a fúria temporal
Na noite,a cronologia dos tempos remotos
O findar de pequenos acontecimentos.

Fernando Hijjander Xavier



Só Mais Uma Lágrima
Só mais uma lágrima...
Deixe-a cair em paz, por favor...
Solene pelo meus rosto,
Última gota do meu querer.
Molhada, brilha,
Enche meus olhosDa tristeza que hoje
Preenche meu coração e transborda...
Lágrima, última,
Desfecho do meu coração,
Que já cansou de tanta chuva e de infinita escuridão.
Por isso peço agora ao mundo
Que o tempo pare,[só por um segundo]
E a paz reine em todo o mundo
Só enquanto cai[no infinito]
Meu último soluço
Meu último suspiro
Que agoniza, mas some[de vez]
Na lágrima, que já não existe mais...

Luíza Salla Marchiori

ODES AOS CAMPOS DE ITARARÉ - Novos Poetas Itarareenses




Ode aos Meus Campos de Itararé

Poemas Itarareenses - Poetas Itarareenses

Tenho-me em ti, Minha Terra Adorada,
– que Deméter abençoou –
E, nos campos, hoje, farturas brotam
Das uvas os mais saborosos vinhos,
– Campos conquistados com o sangue de meu pai –,
Em longa luta vitoriosa.

Selma Hutz


Elegia à Solidão

Entro em desespero
Por não ter te aqui
A caminhar entre a relva;
O cantar dos pássaros é mais triste:
Um lamento em meus ouvidos,
Um sangrar em meu coração.

Josiane Martins


Soneto

É no refúgio relvoso do campo,
Entre as ovelhas tranqüilas a balir,
Que, ouvindo meus tristes penares,
Dos anos que muito sofria,

Vejo, no espelho das águas calmas,
Um rosto que eu jamais vi:
Torturado, no físico e n’alma,
De todos esses anos que perdi.

Esse sofrimento, que me domina,
Não me deixa mais pensar:
Como um tortura de viver;

A paz do campo me fascina,
Faz o meu sofrer calar,
Faz cessar o meu sofrer.

Rogério dos Santos



Soneto

Nos campos do meu cor moroso,
Do que outrora era flor,
Somente, fina relva resta;
Da rosa, só sobrou a dor.

Do riso a lágrima amarga
São as gotas do meu penar:
Rolam na tez, feito cascatas,
Como se da alma a sobejar;

Nas minúcias da tua candura, Perdi-me em te coroar,
Mas, no peito, cravou-se o espinho;

Como castigo a tal bravura,
Pela audácia de meu amar,
Em meu viver, serei sozinho.

Marlene Gil




Amor é Vida

Sou um poeta que, em meio à solidão,
Faz sentir saudade de um anjo
Que, por alguns instantes,
Me fez feliz e radiante.
Sonhar e amar em sonho... apenas no olhar:
Anjo lindo! Seja bem-vindo!
Se a tristeza me move,
Sorrisos seus me alegram,
Mas você foge.
Mereço sofrer a dor e conseqüência
Da incompetência minha:
Amar alguém tão impedido,
Caso raro, inesquecível.
Na vida, tudo passa;
Sozinha sem amor, sem graça;
Um dia, longe daqui, uma luz vai brilhar,
E um anjo lindo vou encontrar e amar.
Já chorei, sofri, sorri;
Por fora estou alegre e feliz;
Por dentro triste amargurado
Da vida sofrida – não amada –.
Quando penso em você,
Sobe um imenso calor: É bom;
Sei lá de onde vem, deve ser do além.
Ah! Se pudesse dizer que amo,
Melhor que não seja verdade,
Pois seria uma crueldade – O Anjo passa!
A voz encanta, até o céu balança,
O coração bate forte.
Espero que a sorte de uma poesia atinja seu coração ao som de um violão.
E que você cante para mim uma canção.
EU TE AMO.

Alvim Lessa
Postado por André Luís Costa às 17:00 0 comentários
Nossos primeiros poemas:

Inaugurando nosso espaço literário, colocaremos algumas obras representativas do atual cenário do curso de Letras:

Tenho uma Noite Plena...
Rodrigo Tomé

Tenho uma noite plena, porque eu sinto
Tua pele morena revestir meu espírito.

Tenho uma noite plena, porque espero
O espectro da tua presença com esmero...

Tenho uma noite plena, porque te amo
E sempre que eu posso teu nome exclamo.

Tenho uma noite plena, porque prevejo
Este canto meu não ser apenas desejo...

Tenho uma noite plena, porque é cedo
E sei que logo tu virás a mim sem medo.


Ode ao Cupido
Adilma Gomes

O menino alado,
Com uma seta do amor
Da divindade dos campos,
O coração incauto feriu;
Vencida, aos prantos,
A voz do coração ouviu;
Já, com brando furor,
Tudo enfrenta e suporta
Por um cupido malvado.
Elegia

Eis me aqui, sozinha entre lágrimas.
E de ti só o que ficou foi esta saudade.
Sinto falta das tardes que passávamos juntos:
Daquele límpido rio em se refletiam os raios solares,
Das nossas conversas sobre a sombra daquela frutífera árvore.
Tudo está vazio, nada é mais bonito, já que não te tenho aqui comigo.
Os raios solares já não brilham mais no rio, nem a árvore oferece frutos.
Tudo está morto, assim como tu e eu, que, a cada dia, morro um pouco sem tua presença.
Ansiosamente, espero pelo dia em que encontrarei-me contigo e finalmente a teu lado permanecerei por toda a eternidade.

Evelise Virgínia

Reportagem de André Luís Costa

Este pode ser considerado o (re)início de um novo velho sonho, uma nova era para os amantes da língua portuguesa e da arte escrita aqui em Itararé. Antes, o que era um sonho latente, uma idealização; agora, uma realidade evidente, uma realização.
Nosso jornal – ou melhor, folhetim literário – é fruto de um sonho coletivo – Elos Clube de Itararé e Curso de Letras –, e possibilitado pela ação instrumental de nossos queridos e diletos mestres, colaboradores e amigos – dentre os quais destaco as presenças pioneiras: Mestre Estéfan Polay, Dona Lázara Bandoni, Diretor Edson Makoto, Josete Biral (coordenadora do curso de Letras), e de nossos tão prestimosos alunos – não menos amigos também. Todos nós unidos em amor à arte, a Itararé, à pessoa humana.
Que, com a glória de Deus, em espírito de amizade e valorização da pessoa humana, possamos conduzir nossos sonhos a uma bela trilha repleta de poesia e vida.

André Luís Costa Do Blogue dele:
http://oelodasletras.blogspot.com/

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SORO CASEIRO




SORO CASEIRO

Poeta respirando por aparelho
Desconfie e se proteja:

Narguilé com cerveja!
-0-
Silas Correa Leite
Santa Itararé das Artes
E-mail: poesilas@terra.com.br
Blogue: http://artistasdeitarare.blogspot.com/


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Itararé Divinizada

Reunião Elos Clube de Itararé, Comunidade Lusíada Internacional



Itararé Divinizada

Nenhuma ciência pode classificar
O amor do Itarareense por Itararé
Nem teria cabimento a ciência
Querer se fazer de entendida no inexplicável
Itararé é um lugar no DNA
Na corrente sanguínea
Chão de estrelas, palco iluminado
Itararé, cidade poema, é ninhal, encantário...

Nenhuma ciência poderia decodificar
A boêmia, o luar, a água de Itararé
Nesta terra de gralhas e pinheiros
Festeira, celeiro de artistas, hangar
De músicos, pintores, poetas, ovnis
Tudo isso na veia
Na mente, como se uma aura ou iluminura
Porque Itararé é mágica, berço esplêndido...

Nenhuma ciência traduziria Itararé
Porque ser Itarareense é uma luz
Um código que não é deste mundo
E sabemos ler em versos, prosas e cervejas
Se dinossauros já passaram por aqui
Somos todos rastros
Voaremos para fundar uma Itararé celeste
A partir daqui de Itararé, do céu em nós...
-0-
Silas Correa Leite, da Estância Boêmia de Itararé, Cidade Poema
Email: poesilas@terra.com.br
Blogues: www.campodetrigocomcorvos.zip.net
www.portas-lapsos.zip.net


domingo, 13 de fevereiro de 2011

BAR DO TEPA, ITARARÉ, FOTO RARA

Bar do Tepa, Itararé, Rua 24 de Outubro
Poetinha Silas e Prof. Dirceu Mendes

O Céu, Um Paraiso de Livros





Artigo/Opinião:



O Céu: Um Paraíso de Todos os Livros




“Mais eis que a palavra


Cantoflorvivência


Re-nascendo perpétua


Obriga o fluxo



Cavalga o fluxo num milagre


De vida...”



Orides Fontela




...O Céu deve ser na verdade uma biblioteca... e-n-o-r-m-e – onde repousam todos os personagens, anjos, heróis, narradores implícitos e explícitos, tipos de capa e espada (e de asa nos pés, antenas ligadíssimas e luz nos olhos), esperando não Godot, Ben-Hur, Lewis Carroll, que já estão assentados por lá, mas Um VISITADOR. Esperando serem visitados (na imaginação? no sonho?) pelos benditos Escritores de Livros! Deus, claro, é o supremo Maior Bibliotecário-Comandante-em-Chefe do Universo. E ali também edita suas (nossas) Vidas-Livros, que sonham finais felizes no palco iluminado da Nave Terra-mãe, sob chão de estrelas. Já pensou que demais, diria o Snoopy?



...O Céu, como uma literária e infinita barriga gestora, guarda, assim, todos os livros que foram escritos; os livraços que serão escritos; os imemoráveis e inimagináveis que ainda estão sendo escritos, entre sonhos, sofrências, blues etílicos, alumbramentos e lágrimas, entre pontos de interrogações, tópicos frasais, nexos causais e reticências em braile... Um e outro santo escriba abençoa uma orelha de livro, um arquivista maroteiro com olhos de lince tira os pós das mesmices entre a água e o açúcar do proseio celeste, e Mestre José Carpinteiro ilustra – na mente dos criadores – capas, prefácios, releituras e citações. Um anjo de asas de papel-arroz amanteigado (com reflexos da Via Láctea), com todas as letras de todos os alfabetos do mundo visível e invisível, no sensorial do escritor a cismar alhures, poetas, romancistas, Sentidores (para citar Clarice Lispector), delicadamente com voz de palha em sonata íntimo-espiritual “sopra” o bendito nome da obra-prima, com subtítulo, modus operandi e tudo. Já imaginou?



...O Céu de todas as Honras e Glórias inimagináveis, claro, tem um arquivo cósmico de todos os historiais. Do gênese supragalaxial, ao salmo cor de rubi, passando pelos mantras-banzos-blues-fados dos apocalipes de mil idéias com signos ficantes. Robinson Crusoé é agora uma abençoada janela-arquivo de lá, num cantinho com pintura xadrez que dá, nos horizontes e crepúsculos, para um ninhal escarlate de suntuosidades binárias, feito rancho de meteoros-metáforas esplendentes.



...O Céu também pode ser só um pouquinho aqui, amostra grátis no DNA metafísico de cada criador e criação. O Escritor que gera livros-árvores, livros-nuvens, livros-circos, livros e pertencimentos enlivrados. Como Hilda Hist, Olga Savary, Clarice Lispector, Proust, Tolstói, Neruda, Saramago, Brecht, Rilke, Cortázar. O escritor ins-pirado, ensimesmado, tocando por uma fagulha de amparo infinital, imagina, desmancha a seco, arrruma, cria, pesquisa e, eureka!. Surgem pedacinhos do céu como Cem Anos de Solidão, O Vermelho e o Negro, Incidentes em Antares, Grandes Sertões Veredas, Sentimentos do Mundo, O Nome da Rosa. A alma de cada um, recolhedor na curva do tempo, no imaginário ou da bateia de memórias, escrevendo uma vida-livro, um clássico. Só por Deus. Fico só sondando o devir, depoimento, rascunho, testemunho letral de um tempo, um povo, um local, uma mente brilhante atiçando implicações que cativarão olhares maviosos.



-No Céu não existe pecado e nem sanção de percurso-viagem-visita (todos serão perdoados?), nós todos, em capa dura ou com colagens de trilhas, temos a nossa vida inteirinha para escrever essa existencialização, tentarmos por uma bela vida e bela obra, com um final feliz. Bem-aventurado aquele que acerta na primeira edição sem cortes. Pois será Céu e na Terra um livro aberto de Deus, Livreiro-mor. No mais, vidas-livros são auferidas, recompostas, registradas, acrescentadas de aforismos, citações célebres, tragédias ou mesmo ilustrações maravilhosas. Que Paraíso de Livros é o Céu, cheios de zilhões de escrivaninhas, estantes, caixas de pandora com suas páginas atemporais...


-No Céu, existir mesmo é conjugar o verbo Escre/Viver; existir é ler (oxigênio matrix), pois não existe Morte ao ler; no ler, por ler. Dormimos o sonho da viagem para dentro de nós, uma vida, um causo, uma croniqueta, uma historiazinha pro Menino Jesus dormir seu sonho de trombetas. Ler é uma busca para a nossa Cura. Cada livro um historial, uma sentição, um rocambole geral a revelar-se em páginas de lágrimas e luzes se misturando, o vermelho e o negro, o azul e o amarelo, a loucura e a lucidez, sob o percurso de um altíssimo balão encantado segurando pontos de interrogações com baunilha num céu de chocolate...


...No Céu, pássaros-marcadores de livros, árvores-papéis de pão, borboletas-vaga-lumes-ideias, pirilampos de tons e nuances, rinocerontes de enlevos, rios de inspirações, nuvens e chuvas de vírgulas, relâmpagos de pensamentos-chaves, tudo o que depois serão versos, estrofes, parágrafos, apresentações, músicas pra alma procurando calma pra se coçar... Cada um lê-se a si mesmo, acrescenta o que se lhe vem a cabeça (consultem sempre o coração), invade pontuações, pondo pingos nos is ou, de relance, quem o sabe um dia, com tantas placas mães e placas de captura, no futural, colocando até pingos em dáblios... Nada é impossível ao que lê.


-Ah “Terra do Era Uma Vez”, o Céu pode ser dentro de cada um de nós aqui. Shangri-lá, Jerusalém, Pasárgada, Santa Itararé das Letras, São Petesburgo, São Paulo, Curitiba, Brasília. A cidade-livro. O herói sempre vence no final, pois a esperança é a inteligência da vida. Vivendo e aprendendo a escrever-se. Lendo e se refazendo, cortando exageros, pois o espírito não tem peça de reposição e nem inventaram bisturi ou silicone para a alma. A re-existencialização-pagina-aberta de cada um ser ou não Ser; cada clã, núcleo de abandono, ilha, adubo, enciclopédia, dicionário, clássico, coleção, gibi, quadrinho, palavra cruzada, cartun, jornais, revistas, livros... almanaques...


...Corra e olhe o céu, diz a balada de Cartola. Traga um céu para si e em si, em todos os recomeços vibracionais. Um Livro, pedaço de seu rio interior. Faça de sua vida-livro um belo romance com realizações e incompletudes que sejam. Sempre fica uma dúvida no ar mesmo, com o que queremos dizer ou soa no diferencial do implícito. Você sempre volta ao local de seu livro de existir. Você é o seu próprio capital de peso. Você é em si mesmo a própria impressão digital, a melhor e a pior prova testemunhal presencial contra e a favor do que você se escrever existindo. Já pensou que risco?. Capriche na narrativa-documento. O leitor-vida-livro sempre vence no final. Na casa do pai já muitas coleções. Escolha o seu cantinho, o seu estilo, a sua ilha-edição. Uma visão ético-plural comunitária ajuda muito nessas horas. Sarar o mundo. Sentir a dor do outro. Corações e mentes enlivrados, já pensou? A sua cara e a sua coragem colorida. Vidas capítulos. Acertos de contas na hora de passar-se a limpo. Refinamentos. Perdendo lastros. Ser feliz é a melhor resposta, a melhor vingança, a melhor solução. EscreViver, evoluir, correr atrás dos sonhos com as mãos limpas e uma lupa magna procurando erros atrás das ilusões perdidas, como se tudo fosse só uma ilha da fantasia em que você de si mesmo e para todos que o rodeiam escreve o roteiro... Silêncio, gravando!


...Seja feliz enquanto escreve nas luzes da ribalta. Seja você seu próprio acervo. Eu fui muito feliz. Eu tinha um pai que contava historias de Itararé e do mundo pra mim. Quer maior riqueza do que isso? Vivendo e aprendendo a viver. Lendo e aprendendo a ser. Cada um de si próprio o capítulo que precede o clímax. Será o impossível? Muitos são chamados e poucos escrevem certos por linhas tortas. Há um céu. Na dúvida, largue tudo e vá ler um livro. Está estressado? Leia um livro de poemas. Está azedo? Leia um romance com capricho e conteúdo denso. Fique encucado, pense e reflita. Pode ser que ainda esteja em tempo, e você desperte a chance de pegar a chave da imaginação e então poder registrar-se numa ala da Biblioteca do Céu, estar como um verbete na enciclopédia artística de Deus, o seu nome-vida-livro nos pilares sagraciais de todas as sagas. O seu nome arrolado lá, no historial perene do livro da vida, pois o que você se escreve na terra, Deus escreve no Céu. No Céu de todas as vivências-históricas, O Paraíso dos LIVROS!.


-0-


Silas Correa Leite, Santa Itararé das Artes, São Paulo, Brasil


Jornalista Comunitário, Teórico da Educação, Conselheiro em Direitos Humanos - E-mail para contatos: poesilas@terra.com.br


Autor de Porta-Lapsos, Poemas, e Campo de Trigo Com Corvos, Contos, a venda no site www.livrariacultura.com.br


Prêmio Lygia Fagundes Telles Para Professor Escritor


Site: www.itarare.com.br


Blogue premiado do UOL: www.portas-lapsos.zip.net


SE EU PUDESSE PEDIR PERDÃO

Foto Itararé, Bairro do Rio Verde

SE EU PUDESSE PEDIR PERDÃO


Silas Correa Leite


Se eu pudesse pedir perdão... por alguma coisa, algum motivo, alguma razão limpa, talvez pedisse ao meu querido pai, principalmente por não tê-lo compreendido exatamente como deveria, e poderia então, pra perdida sorte minha, ter sacado muito bem e antes de sofrer tudo o que sofri; e teria certamente evitado descaminhos, e talvez assim, de alguma forma (doces memórias) e com revisitada imagem dele, os meus destemperos doessem menos no meu peito entrevado, e agora eu tivesse menos marcas das sinuosas trilhas, e assim eu tivesse ainda mais plenamente as asas da saudade dele sobre mim, como uma benção dos céus distantes.

Se eu pudesse pedir perdão...por alguma coisa, algum motivo, alguma razão limpa, talvez pedisse perdão à minha pobre mãe velhinha, principalmente por ter deixado o nosso lar-doce-lar muito cedo, cedo demais (cedo para sempre) - cortei minha infância pela metade - e caído afoito nas garras de gavião do destino insano, e, em vez de aprender com gestos, sanções, atitudes e eventuais surras de falácias caseiras, as lágrimas dos céus me aconteceram bem mais cedo do que eu pensava e esperava, e eu pude compreender (e posso traduzir tristemente isso agora em banzos-blues), que o amargurado que me tornei, além de algum eventual improviso de jazz com solo de tristices, foi ter tomado peito muito precocemente para enfrentar a barra de viver (a barra pesada de viver), e ter caído no rocambole do mundo como um inocente puro e simples, mesmo as mãos limpas, o peito arfando, os olhos viçados, isto é, simplesmente uma frágil folha de papel rasa em que a vida pôs a malvada descompostura dela, o que me tornou também sofredor precoce, depois refém da sensibilidade extremada, com muito déficit afetivo, e eu lamentavelmente pude, assim, de alguma forma, ser abatido, predado, sofrido, tornar-me - na fuga! na fuga! - um poeta com sânscrita identidade de humildes como licor de jabuticaba de terceira dimensão em realidade substituta.

Se eu pudesse pedir perdão... por alguma razão, loucura, ou macadame de sofrência, eu pediria perdão às minhas adoráveis seis irmãs, não apenas por tê-las amado tanto, mas por não ter tido competência para tê-las defendido como deveria, e também por não estar presente ainda mais como o outro seio secreto delas, amparando as ocasionais angústias e perdas, carregando as sobras de tantas tintas íntimas das vaidades exageradas delas, ou colhendo mais dos filhotes-sobrinhos belos e abençoados que me deram quando eu era peregrino fugidor, e por isso, intimamente por isso eu as amei muito, amo-as mais do que posso traduzir, e as amarei muito além do lar infinital do dono do sol, quando, finalmente e então, os meus globos oculares já com saquinhos de chá sobre as pálpebras inferiores disserem de meu quase um século de vida, e eu poder dizer Adeus para ver o remanso do último lírio selvagem da terra, e então poder ir, finalmente, colher estrelas no campo de estrelas do céu com meu finado genitor, porque, assim também, claro, no vislumbre do reencontro, sei que na casa de meu pai há muitas moradas.

Se eu pudesse pedir perdão...de alguma forma, de alguma maneira, em algum estágio e devão desse erradio caminho (de caminheiro atiçado pela busca de um farol além da curva do arco-íris), eu iria pedir também que me perdoassem tantas coisas, nesse favo de inventário e partilha, a saber:

Um: Eu pediria perdão a

Todas as ruas de minha infância, principalmente aquelas com terrinhas cor-de-rosa de minha descalça pegada íntima, na liberdade de ser puro entre aurorais, encantários, ninhais, e, claro, também, mandorovás, camaleões e fantasmas verdes entre beronhas e formigas-saúvas

Dois: Eu pediria perdão a

Todos os quintais das casas de cigano aonde morei, nessa e em outras vidas antigas - ah a aurora que trago da infância! - entre dormentes, trilhos, tatus, canteiros, pardais & cidreiras, porque de eios de água brotaram imaginações saradinhas como cuques de framboesas temporãs

Três: Eu pediria perdão a

Todos os milhares de livros que eu li, porque neles, pelo menos assim em tempos de vacas magras, todos os finais eram magnificamente felizes, o Crusoé era uma gaivota santa numa ilha de nascentes limpas, e eu imaginava que, sendo eu mesmo, sempre, teria santerias por atacado nas minhas aventuras de atiçado, sensível, quase um Sentidor da pá virada

Quatro: Eu pediria perdão a

Todas as mulheres que eu amei, e que não me amaram, e que assim e talvez por isso mesmo foram infelizes para sempre, como uma desculpa-livramento, um castigo-andaime, uma solidão-palhaço, um prelúdio-talismã. Até porque, confesso, o meu primeiro amor foi uma parede. Que eu trago e tenho comigo, como um íntimo butim, como um alforje de estrelas que despenco cada vez que escrevo. E eu escrevo para não chorar. E eu faço poemas porque não sei morrer sozinho como uma lesma cega cor de leite

Cinco: E pediria perdão por

Todos os malditos(..) sonhos que eu tive. Eu, tolo, achava que iria crescer e mudar o mundo. Só os imbecis são felizes? Primeiro queria ser presidente, depois poeta, afinal restei-me educador. Como viram, nunca soube me escolher na melhor parte do filé das víboras, nos tapumes dos chacais, nos guizos dos incrédulos. Fui, perdoem, cem por cento eu mesmo e todo emocional como um baú de estimas. Deus sabe com quantas lágrimas faz o castelo de nossas idas e vindas (não há perdão no esquecimento)

Seis: Eu pediria perdão a

Todos os inimigos, e circunstancialmente os tive em algum lugar ou vareio de palavras, e que por algum motivo me magoaram, me traíram como margens abruptas de um rio inocente. Alguns eu perdoei como se perdoa um esquilo cego por morder seu calcanhar de Aquiles, a outros eu acabei por - moendas do estilo da vida nua e crua - a dar pão e água, e, confesso, muitos eu matei tanto dentro de nim como um surto-circuito, que eles mesmo se anularam com seus nós íntimos, como cactos vítreos de rudezas pegajentas em clãs espúrios

Sete: Eu pediria perdão a

Todos os anjos que me ajudaram, e que devem me perdoar mesmo para muito além do eternamente, porque, aqui e ali, nalguma curva do caminho, sem o saber, sem querer e mesmo sem maldade, eu os abandonei entre um mata-burros, uma pinguela ou um portal. E há lugares (o mundo sombra?) que anjos não freqüentam. E eu atinado fui buscar candeeiro na boêmia, troçando alhures (troféus de mixórdias), trocando flores por cançonetas, amando tardes de chuvas e minguados afetos de ocasião, quase purgando interioridades com primaveras que já deram o que tinham de dar

Oito: Eu pediria perdão

Por todas as preces, todos os brancos lenços de adeuses (até os escondidos), todos os poemas escritos na mais cuneiforme intenção do refluxo do inconsciente - que é quando eu me despojo, me decomponho, pondo a alma para respirar - escrevendo de supetão o rebite de uma idéia, um ideal, entre um copo de leite azedo, um mimo celestial ou uma pestilenta tentativa de abismo que escrevendo evito um pouco

Nove: Eu pediria perdão

A todas as árvores que fui, de alguma maneira e por algum motivo, medidas as proporções, de groselheiras secas a laranjeiras sem guirlandas brancas, como se um dia, de verdade eu tivesse sido alguma espécie de árvore, noutro século, noutra encantação, e, por algum fruto proibido vim a ser vetado de ser outra vez, depois espiritualmente perdi o sagrado direito de tê-las comigo no DNA, e aqui me deixaram em dimensão-placenta errada, não apenas como um castigo pro carbono virar diamante, ou não, mas para como, tentativa de cicatriz, eu de novo aprender a ser raiz, a ser copa, a ser tronco, a ser pétala, a dar flores & frutos, tudo de novo, tudo outra vez, como uma canga, um pesadelo vivido, no arremate de uma alma superior cerzindo minhas perdas entre ofícios testamenteiros e arrozais de desculpas com azedumes terçãs

Dez, finalmente;
Eu pediria perdão, ainda, nesses meus dez mandamentos-testemunhos(?) de desalinho e dor (poetas não têm peças de reposição), a àquilo que fui de alguma maneira, por algum motivo, sem o saber, sem o querer, sem o poder, mas identificando afinidades íntimas:

-Cardume: Por ter sido um pouco areal, um pouco atol, um pouco rede, um pouco albatroz no mar de sargaços da vida, então paguei a duplicata da perda a ser isso também me serviu como lima nova em ferrugens adquiridas

-Tempestade: Por ter navios fantasmas em mim, ser sobrevivente de naufrágios abismais, trazer estranhas marcas disso, fui isso e me feri de ver o que provoquei em ira insana, atemporal, obedecedor involuntário de desastres e tragédias

-Chuva de abril: Por saber que nada me pertence, nada do que me foi dado é gratuito, tudo tem um preço e eu não acredito em valores a não ser o lado pérola da ostra, por isso pago dobrado esse crime de existir em Nau Catarineta errada, indo e vindo, carpinteiro das águas no teatro de absurdo dos ciclos que jamais dominarei

-Cisterna: Porque ainda tenho lágrimas para tornear poemas por séculos e séculos, não tendo medida para a minha tristeza terreal, e nem me sabendo livro aberto em página errada, assim nunca poderei ordenar à dor que saia para sempre de mim, mesmo que eu ande pelo vale da sombra da morte...

-Deserto: Porque sou solitário como uma nave sideral pirata clonada de outra banda cósmica, e solitário me tenho como ser espúrio em vinagre vencido e injusto dessa existência pagã, então escrevo para não ficar louco, escrevo porque o meu cálice transborda e ninguém tem piedade por eu ser como porta-lapsos em núcleo de paradoxos

-Eco: Tudo o que sou, soa alto e claro, o que não sou, não sabendo inteiramente me assusta (cacos do espelho), então eu peço perdão por ter amado de repente quem não devia, dito adeus quando era para ficar estagiário, aprendido ser leitor de tudo quando deveria ser plantador de campos de lavandas em outros mundos em que a morte não existe.

-Barco encalhado: Isso eu sou e serei por muito tempo, mesmo não tenho ainda inteireza do que isso me representa ou me servirá, até porque, em frente ao mar eu me sinto o próprio mar, como se a mãe-natureza me fizesse carbono do sal marinho, depois gaivota número um, depois ilha de areia, depois pobre foca, até que eu perdesse asas ou guelras, até que eu pudesse nadar e ser átomo, esporo, pólen, e chover na horta da espécie humana com seu bezerro de ouro, entrando então pela porta dos fundos da existência só para exatamente pôr o dedo nessa ferida acesa que é o tão mal conjugado verbo viver

E, por fim, perdoem musas e boêmios, perdoem anjos e vigiadores de quarteirão, eu me resto aqui um aprendiz de tudo, entre um vazio e o vácuo, criando borboletas de palavras, sendo sempre um homem fora do meu tempo. Quando eu era piá de tudo, amava estar com os idosos tão sábios. Agora que estou quase velho, adoro lidar com crianças. Sempre achei, aliás, que iria morrer muito cedo e criança. Espero morrer criança com quase cem anos. E que Deus tenha piedade de nós. À bença, Mãe. Ave Estância Boêmia de Itararé. Porque Hoje é Sábado, aviso aos incautos navegadores de primeira hora: Bolinhos de chuva encharcam com cervejas bentas, e criam mais tecido adiposo nas vaidades herdadas.
-0-
Silas Corrêa Leite, Santa Itararé das Artes, SP,
Professor, Poeta, Jornalista. Membro da UBE-União Brasileira de Escritores
E-mail: poesilas@terra.com.br

www.itarare.com.br/silas

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Poesia Animal de Estimação





Poesia Animal de Estimação

“O uísque é o meu cachorro
Meu cachorro em litro... ”

Vinícius de Moraes

A poesia é meu animal de estimação
Meu cão enlivrado
Com capa, espada, ácaros, ícaros, orelhas
Prefácio fiel e às vezes, nem sempre
Final feliz meio que empolado
Com árvore sistêmica para demarcar presença rotineira
Mas sem poste para latir para alguma lua elétrica

O livro de poemas
É o meu cachorro de estimação
Abanando o rabo de dentro das metáforas
E levo para me passear
Todo santo dia possível de
A conhecer esquinas e zonas de lamentações etílicas
Um dia ou outro cruzo com algum solitário bichinho de pelúcia
Cerveja, seresta boêmica em Itararé, ou jazz afrobrasilis no dial do meu MP-H2Outros
E a coleira é só uma tristice antineuras
Que eu ralho quando escrevo
Demarcando o território do espaço infinito que me atrai...

Minha loucura
É a ração.

Sou vacinado contra os lumes neutros controversos da civilização.

-0-

Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
http://poetasilas.blogspot.com/

Galeria Nobre Aniversário de Itararé




Galeria Nobre Especial
Editor Silas Corrêa Leite (Poetinha) Agosto

Poema de Aniversário da Terra-Mãe


“Você pode ter riquezas tangíveis, inimagináveis
Baús de jóias e cofres de ouro
Mas nunca será mais rico do que eu:

Eu tive um pai que Lia Histórias de Itararé pra mim!”




01
Itararé vai fazer Aniversário
Como uma bela dama Centenária
A Banda Furiosa vai fazer Alvorada
Vai ter desfile, baile de gala, forfé
Vão eleger uma outra Miss Itararé
A cidade vai ficar ainda mais emperiquitada


02
A Estância Boêmia de Itararé já fez cem anos
Fará mais algunzinhos esse ano indagora
Em agosto a minha santa terrinha se decora
Como em agosto eu aniversario também
E sendo minha aldeia o meu tesouro, vou além
Pois o meu amor por Itararé é a minha metafísica


03
Itararé vai ter Sessão Solene com muito garbo
No nobre legislativo do Palácio Vadico
O Tiro de Guerra impoluto vai desfilar
O Coral do Elcir Melo o Hino ao Itarareense vai cantar
Toda nossa história nas páginas dos jornais vai brilhar
Da gente bater no peito na contenteza de se orgulhar


04
Itararé vai ter espetáculos no aniversário
Vai ter assim um alumbramento vário
Vão bater palmas – vão fazer fuzarca
Porque se o mundo um dia vier a acabar de novo
Deus pega dessa Itararé todo o encantado povo
E bota nos altos céus numa cósmica arca
Para recomeçar a espécie humana em outro hangar


05
Quando a pitoresca e bucólica Itararé aniversaria
A gente pinta e borda, nas alegranças faz folia
Porque sendo a terra-mãe, a nossa aldeia, o nosso rincão
Nosso espírito ali em berço tão esplêndido principia

E as nossas sete palavras sagradas eternamente serão
I-t-a-r-a-r-é
De Alma, Honra, Glória e Coração!

-0-

Poetinha Silas Corrêa Leite – Da Confraria Interestelar “Fanáticos Por Itararé”
(Eram os Deuses Itarareenses?)
Poema da Série “Sempre Haverá Itararé – Campo de Estrelas de Itararé”
E-mail: poesilas@terra.com.br
Autor do e-book (ficções) O RINOCERONTE DE CLAIRCE
(contando causos e acontecências de Itararé) no site
www.itarare.com.br

Dados de Itararé, Sul do Estado de São Paulo



Estância Boêmia de Itararé, Bonita pela Própria Natureza


ITARARÉ

Itararé é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se a uma latitude 24º06’45" Sul e a uma longitude 49º19’54" Oeste, estando a uma altitude de 740 metros. Sua população estimada em 2004 era de 48 973 habitantes. Uma cidade cheia de beleza e cenários surpreendentes e relaxantes. Assim é Itararé, na região sudoeste do estado de São Paulo, divisa do estado de São Paulo com o Paraná. O nome da cidade em tupi-guarani significa “pedra que o rio escavou”. O rio Itararé, que corta o município nasce no bairro de Pinhalzinho, a 40 quilômetros da cidade onde a altitude é de 900 metros. O rio vence o desníveis rompendo as rochas de arenito da região e chega até a região do Corisco, onde a altitude é de 1200 metros. Dali até o Bairro de Coronel Izaltino, num trecho de 20 quilômetros, o rio e a natureza fizeram uma obra maravilhosa. São canions, grutas, fendas, túneis, cachoeiras, cascatas, “chuveirinhos” e minas de águas cristalinas. Perfeitos para quem quer se aventurar e relaxar. Clima: O clima da região é subtropical, com temperatura média anual de 25ºc. No inverno, porém, as temperaturas baixam muito e os termômetros marcam em média 10ºc. Vegetação: A cidade de Itararé conta com uma excepcional biodiversidade de flora e fauna devido ao encontro harmonioso do cerrado com os campos gerais, já característicos da região Sul do país Relevo: Localizada no sudoeste do Estado de São Paulo, Itararé tem uma extensão de 1.187 quilômetros quadrados. A altitude da sede é de 750 metros, com um relevo suavemente ondulado. Há vários tipos de solo, como terra roxa e latsolo vermelho escuro. Conta com um extenso planalto circundado pelo final da serra de Paranapiacaba e inicio da Serra Geral que corta todo o sul do país. Chega a atingir a elevação máxima de 1.200 metros acima do nível do mar.
História e Cultura: Numa pequena faixa de terra, situada entre o rio Verde e o rio Itararé Luiz Pedroso de Barros, morador na Vila de Paraíba, começou o processo de colonização do que mais tarde se transformaria no município de Itararé. Pedroso de Barros foi recebendo maiores áreas, expandindo suas “sesmarias”. Essas sesmarias, nos anos de 1784, 1791 e 1792, foram adquiridas pelo Coronel Gavião que iniciou o plantio e a catequese dos moradores da região, a grande maioria trabalhadores rurais e, desse processo, nasceu o município.Itararé é considerada históricamente desde a Revolução de 1930 (Getúlio Vargas), como uma cidade estratégica, sendo hoje, celeiro de artistas, capital artístico-cultural da região, boêmia, sendo local de origem dos seguintes artistas de renome: Maestro Dudu Gaya, Ator Carlos Casagrande, Acadêmico Luiz Barco, Dr em Música Gerson Gorsky, Ator Eduardo Metring, Pintor Ed Primo, Pintor Jorge Chuéri, Cartunista Luiz Antonio Solda, Literato Premiado Silas Corrêa Leite, cantora Elvira Pagã, Cantora Rogéria Holtz, Pintor Armando Merege, Fotógrafo Gustavo Jansson, Elvira Pagã (Irmãs Pagãs), etc.
Geografia: Possui uma área de 1.003,5 km². Demografia Dados do Censo - 2000 População Total: 46.554 Urbana: 42.806 Rural: 3.748 Homens: 23.059 Mulheres: 23.495
Densidade demográfica (hab./km²): 46,39 Mortalidade infantil até 1 ano (por mil): 29,34 Expectativa de vida (anos): 65,27 Taxa de fecundidade (filhos por mulher): 2,96 Taxa de Alfabetização: 90,80% Hidrografia : rio Itararé e rio Verde / Transporte - Aeroporto (não pavimentado) Rodovias: SP-258, SP-259, SP-281, PR-239.
Fundação : 1893
Altitude : 740 m
População : 47.402 habitantes
Área Total : 1.005,8 km²
Dens. Demográfica : 47,13 hab/km² - CEP 18460-000

33 Motivos Para Ser da Estância Turística de Itararé, Cidade Poema




Ser da Estância Boêmia de Itararé, É:

33 Motivos Para ser Fanático por Itararé

01)-Achar Itararé a mais bela aldeia do mundo, mesmo eventualmente não conhecendo direito o mundo, até porque, se Jesus Cristo tivesse nascido em Itararé, os três Reis Magnos seriam o Jorge Chuéri, o Gustavo Janson e o Walter Menk
02)-Ser um “fanático por Itararé” e adorar a Cidade-Poema acima e abaixo de todas as coisas reais e imaginárias, até porque, Itararé é a nossa Shangri-lá, nossa Pasárgada, nossa Jerusalém celeste aqui mesmo
03)-Ser boêmio, bom de prosa afiada, contador de palha, pescador e até, aqui e ali, inventor do inexistente, até porque Itarareense não mente, inventa verdades que ainda não aconteceram de acontecer
04)-Preferir ficar preso em Itararé do que livre e solto em qualquer outro lugar do Planeta Água, até porque, longe é um lugar que não existe, e assim mesmo lá tem tubaina de limão-cravo do Vilela e uísque paraguaio de Sengés
05)-Adorar biritar entre amigos, principalmente falando mal da vida alheia e sondando mulher pedaçuda com seios de manga-sapatinho, mãos de pianista, pés de bailarina, olhos de jade e pensão alimentícia de três maroteiros beiçudos e com amarelão
06)-Torcer pro Clube Atlético Fronteira, o mais “glorioso, majestoso, poderoso” clube sócio-futebolístico da city. Quem torce pra Associação Atlética de Itararé é caipora de lazarento e filhote de cruz credo
07)-Ter algum dom natural, algum talento, pintar, escrever, jogar truco ou mesmo contar mentiras por atacado, até porque quem bebe a água da gruta da barreira sempre volta, o que não volta é a água que é mijada fora
08)-Ser de esquerda, sempre. Fazer oposição por graceza, contenteza. Se há governo, é contra, esquerdista por legítima defesa da honra, da ética e em busca de um humanismo de resultados
09)-Adora gandaias, forfés, micaretas, carnavais, quermesses, serenatas e, principalmente bordel e pescaria, principalmente se não levar marmita, isto é, se a patroa com pelanca não for junto detravessada
10)-Sacar antes o lance, saber bem de tudo quanto é assunto, mostrar dialética e ser loquaz entre amigos e morféticos curiosos, e nunca andar com canhão, quero dizer, mulher feia, a não ser que esteja muito “bêudo” ou picego de dar nó em pingo dágua
11)-Defender Itararé a todo custo, haja o que houver, doa a quem doer, afinal, morrendo, todo Itarareense será parte da terra Itararé, e, assim, é melhor cuidar bem da terrinha-nós-mesmos a partir do que seremos certamente um dia no devir
12)-Itarareense é “Andorinha sem Breque”, dá nó em pingo de chuva, desvia de cobra-fantasma, e assovia bem, até porque, como dizia o saudoso Barbosinha tocando Luar de Itararé...música é vento
13)-Detesta amigos do alheio, desde corruptos e ladrões, não aceita gente de duas caras e mete a boca em tipo janota e boçal, muito menos gosta de ser palhaço de outro palhaço se olhando no espelho
14)-Conta palha de que Itararé foi feita no sexto dia de criação, por isso Deus teve que descansar no Sábado lá no Bar do Tepa, já que tinha caprichado e cansou-se, depois foi pro forfé e pegou gosto.
15)-Itarareense bebe porque é líquido. Se fosse sólido comeria. E bebe sim, vermes não comem pudins de cachaça
16)- Todo Itarareense é anarquista teórico, marxista técnico, boêmio pela própria natureza, fanático por Itararé e social-democrata com visão ético-plural-comunitária
17)-Todo Itarareense é pão duro ao extremo, cria escorpiões no bolso para não ter que atacar as algibeiras em caso de precisão de vida , morte ou desfrute de eventual biscataria self service
18)-Itarareense não morre. Vira purpurina. Não nasce, estréia na Terra.Não é aparecido é criativo, e sabe fazer bonito, no amor e na dor. Mas vai em tudo que é guardação e velório e gosta de aparecer mais que o próprio finado o de cujus
19)-Itarareense que não presta nasce morto. Ou vai nascer noutra freguesia do Paraná, logo depois da divisa do rio Itararé, lados de Sete Quedas, aliás, Oito quedas, se empurrar a sogra que não é boa bisca lá.
20)Itarareense adora fazer caridade com o dinheiro dos outros, assim como adora comprar fiado de caderneta e perder a caderneta. Sabe ser útil e solidário na hora hagá, e não acredita em artes que não sejam libertações.
21)Itarareense sabe que, sexo seguro é quando ele segura no seu próprio usucapião pra urinar cervejadas, aliás, se cerveja se pagasse pelo que se urina, só se pagava o rótulo
22)Itarareeense-andorinha na dúvida em gastar ou poupar toma mesmo é suco da sabesp com petisco de língua de sapo chulé
23)O buraco da barreira é mais embaixo, andorinha grande é Taperá, quem não gosta de Itararé, boa bisca não é
24)Itararé não tem tarado, tem liberal esquizofrênico, não tem biscate, tem Maria vai com as outras e dá de lambuja
25)Itarareense não tem viado. Os viados vão todos para Curitiba e passam em Ponta Grossa
26)Itarareense não morre, estréia no céu, mas antes passa pelo Asilo Jesus Tá Chamando, depois entra no Morgue Vá Com Deus e, finalmente, deita a paquera no Cemitério Lágrimas do Céu
27)Em Itararé, quem toma Coca Cola arrota pum, e sabe muito bem e com prazeirança que batatinha quando nasce vira fritas do Bar do Mino do Zuza
28)Todo artista Itarareense é aplaudido em pé na Praça Coronel Jordão, até porque, a bem da verdade, lá não tem banco pra todo mundo se sentar
29)Em Itararé o vento sola saudades pegajenta do Maestro Gaya, do Fernando Milcores e das estrelas Irmãs Pagãs.
30)O defeito do itarareense é ser pão duro, daqueles que dá tiau com o punho para não gastar vão de dedo, e nem tem muito jegue júnior de herdeiro na prole para não gastar zona de fricção
31)Itararé tem Passarinho que anda de bicicleta e com chapéu de florzinha verde na gadelha, tem restaurante que fecha pra almoço e tem rio verde que não amadureceu ainda
32)Itarareense quando viaja, leva foto de Itararé só pra matar saudades e tomar umas e outras em homenagem à sua santa terrinha. Aliás, o melhor lugar do mundo é aqui e agora, e todo Itarareense sabe muito bem que, “Esteve em Itararé e não lembrou de ninguém;Pois quem não está em Itararé está sem
33)Itarareense pobre só come carne mesmo quando o feijão-rosinha tá bichado

Habemus República Etílico-Rural de Itararé
It(ar)(ar)é!
O Paulista de Itararé é mais paulista do que os outros paulistas
O céu azul é o mar de Itararé
Itararé, verás que um filho teu não foge a luta
Itararé, a história do Brasil passa por aqui
Sou de Itararé, não desisto nunca
Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Santa Itararé das Artes
Itararé: Isso é que É!
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Poetinha Silas Corrêa Leite, Sampa, Saudades de Itararé, do Jazz nasce a luz. E-mail: poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.br/silas.htm
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
Ou: www.campodetrigocomcorvos.zip.net

Jesus Mora Comigo em Minha Aldeia



JESUS MORA COMIGO EM MINHA ALDEIA


Tanto falam Dele, dizem que O adoram
Mentem tanto pra Ele - Já mataram muito em falso nome Dele
Imitam-NO de forma errada e rasa
E até, acreditem meus irmãos queridos
Criaram lojas, supermercados, muros, museus, rituais
E mentiras de fanatismos e idolatrias em nome Dele.

Dizem que Ele está no céu a direita do Criador-Pai
Dizem que Ele está pendido por cravos numa cruz milenar
Mas Ele está mais perto de nós do que pensamos
E o céu pode ser o que criamos com nossas ações de caridades
Com nossas energias, ninhais e encantários
Nossos atos, mãos estendidas como lírios laranja
Amando o próximo como se a nós mesmos.

Só que eu descobri um milagre infinital
Ele não está em nenhum baú de ossos ou com relíquias fantasmas
Nem é ícone derrotado por pregos pagões
Sequer fundou religião - ou inquisições medievais com vãs filosofias
Confesso de cara lavada: descobri um segredo mágico Dele:
Ele Está No Meio de Nós
Ele está exatamente aqui em nossa abençoada
ESTÂNCIA BOÊMIA DE ITARARÉ.

Jesus mora comigo em minha aldeia amada
Tem várias cores, várias faces e muitos símbolos vivenciais
Às vezes é de um lilás vitreo, tez de quartzo ou arco-íris
E O chamamos de irmão, pai, filho, amigo, compadre
Ou de tio, camarada, companheiro, anjo-da-guarda
Quando não O chamamos de Aurora, de Losango cor-de-abóbora
Ou de Prelúdio, Ternura, Magnitude, Espiritual, Ultrapássaro
E, principalmente Ele é mesmo sem tirar nem pôr
Pobre, humilde, operário, simples, carente, bóia-fria
Quando não sem terra, sem teto e muito peregrino
E eu reconheço esse Jesus Cristo na minha gente humilde
Pois me pareço com ele, porque sou de mãe mameluca e pai judeu
E sou muito triste, sensível, sentidor, sozinho...
Jesus anda pelo cacau quebrado da nossa Rua São Pedro
Tem asas no calcanhar e alpargatas de recolhedor de centeio
Pendura-se em asas invisíveis de pré-aurorais andorinhas bentas
Chupa picolé de limão-rosa fiado no Bar do Preto
Toma Tubaína Tutti-Frutti na Praça Coronel Jordão
E de vez em quando vai ouvir um baile no Clube Atlético Fronteira
Serrar um abraço da Rosana Milcores (ou um sorriso xadrez do Mário da Banda Marionetes)
Ou nadar saradinho como mandioca nas espumas do rio da vaca
E até já foi no Biribas Blues Bar ouvir causos do Zé Maria do Ponto
Quando não faz poesia escondido ou chora com seus lábios quadrados
Por causa dos lazarentos marginalizados pelos podres poderes.

Pois é isso, meus adoráveis irmãos conterrâneos alumbrados
Jesus mora conosco aqui mesmo em Itararé
Freqüenta todas as igrejas de abraços limpos como nuvens
Coça berebas de vaidades sociais com especulatos
Sofre com poses, grifes, butins de riquezas injustas e impunes
Adora rueiras crianças ranhentas e velhos sábios com lastro ético.

Dia desses eu O vi com o nosso pintor premiado Jorge Chueri
E até pensei que nosso amigo artista plástico O tinha pintado
(Com cor de orquídea impressionista - E Lhe dera cara caseira)
Mas descobri que Jesus é fã do Jorge a quem deu sua tez avelã
Assim como colhe caldas de lágrimas da Professora Lázara Bandoni
Ou sinais de véus e sândalos da Tere Iluminada com sua asa terreal
E sei que se o tratarmos muito carinhosamente e bem
(Como às suas pequeninas e humildes criaturas também)
ELE FICARÁ CONOSCO PARA SEMPRE, AMÉM.

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Silas Corrêa Leite - de Itararé-SP

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Morte de Paulino Rolim de Moura, Paladino de Arte, Cultura, Ecologia e Ética de Itararé




Morre Paulino Rolim de Moura, Paladino da Arte Lítero-Cultural



Silas Correa Leite



No dia 14 de junho passado, faleceu em São Paulo, o polivalente fora de série, Paulino Rolim de Moura. Paulino era uma espécie assim de Paladino da Imprensa livre, transparente e democrática, excelente Promotor Cultural como nunca se viu, Literato com trabalhos em prosa e verso, além de valorado Crítico Social. Era natural de Itararé, estância boêmia ao sul do Estado de São Paulo, e, com mais de 80 anos era o baluarte – companheiro, ombro amigo, divulgador, fã número um - da Poeta Elisa Barreto, a quem dedicou sua vida inteirinha, até intermediando indicação da ilustre poeta de renome e talento ao Prêmio Nobel de Literatura. Paulino era filho de Walfrido Rolim de Moura, tido historicamente até como o maior e melhor jornalista da cidade histórica de Itararé, político, polêmico, defensor da ética jornalística, de quem certamente herdou a verve, o estilo e, no seu modus operandi, criticando as mazelas do país, fez nome, foi divulgado pela grande imprensa, tornou-se mesmo um defensor da natureza, ecologista pioneiro na área, além de ter tido toda uma vida brilhante e aguerrida a defender sua amada de quilate lítero-cultural, a Poeta Elisa Barreto, a quem divulgou, editou, protegeu, amou, acompanhando-a até recentemente, quando Elisa faleceu. Morrendo agora, pouco depois do falecimento de sua amada, Paulino deixou a sua marca registrada de guerreiro, de sensível, de lutador que honrou sua gente, seu tempo, a arte e a promoção da poesia em todos os segmentos sociais. Uma perda irreparável, pois, Paulino era sim, imprescindível. Nunca haverá outro guardião da moralidade e da promoção poético-literária como ele. A poesia está órfã. A poesia agoniza ainda mais. Paulino Rolim de Moura editou recentemente o livro-documentário “A Poesia Brasileira de Elisa Barreto”, 136 páginas bancadas pela PRM-Edições (Produções Culturais) para registrar a obra excelente de sua esposa e musa, como forma de homenageá-la também depois de morta. Paulino Rolim de Mora radicado na Zona Leste de São Paulo, foi elogiado por pessoas como JK, Jânio Quadros, Vicente Leporace (Rádio Bandeirantes), Hernani Donato, Eduardo Suplicy, Revista Veja, entre outros, entre os quais a própria Elisa Barreto que o tinha como seu melhor amigo, incentivador e sustentáculo. A propósito de Paulino Rolim de Moura, assim se expressou o historiador Hernani Donato (da Academia Paulista de Letras): “...Você é fora de série no insistir, pelejar, bater em portas, gritar junto de ouvidos surdos(...) Houvesse um Nobel para esse tipo de talento (divulgar a poesia, a literatura) e você seria o distinguido modelar(...)”. Quando dos 450 Anos de São Paulo, junto a Nankin Editora, Paulino Rolim de Moura como organizador responsável editou o livro “Poetas Paulistas”, elencando autores paulistanos de renome (entre os quais Álvaro Alves de Faria, Cláudio Willer, Geraldo Vidigal, Paulo Bonfim, Renata Pallottini), com os quais conviveu em alto estilo e pelos quais era respeitado nesses mais de sessenta anos que batalhou na capital paulista, feito um guardião moral, um paladino da arte e cultura. Autodidata, Paulino Rolim conhecia a arte literária como ninguém, viveu, batalhou e amou a vida pela poesia que sonhava ser difundida, estudada, promovida e valorada no seio sócio-escolar. Morreu em vão? Ficou a semente de seu sonho. Ficou o seu exemplo. Ficou o orgulho de tê-lo como exemplar ser humano, farol norteador e pessoa fora de série, nesses tempos conturbados que o consumo vale mais que o amor, a arte, a cultura. Como não podia viver sem a sua eterna Musa, a Poeta Elisa Barreto, logo depois dela tê-lo deixado, ele também empreendeu a sua passagem e descansou, guerreiro das palavras, amante do verbo poetar que ele conjugou como ninguém. Paulino Rolim vai fazer uma falta enorme. Nunca haverá outro igual. Álvaro Alves de Faria, poeta consagrado e Jornalista (Diretor da Jovem Pan), pensa em acionar o poeta e intelectual Cláudio Willer e mesmo toda a UBE-União Brasileira de Escritores para agendar uma data em que Paulino Rolim de Moura teria uma pública homenagem póstuma. A história da resistência ética na vida plural-comunitária, como um Trombone que se faz trovador da fala do povo, perde seu paladino Paulino Rolim de Moura que estava morando em São Paulo, na Rua Pecchi, na Penha, zona leste, e ali fez seu referencial de resistência, apesar de ser originário de Itararé-SP, cidade histórica ao sul de São Paulo, Região de Itapeva, área Sorocaba-sul.


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Poeta Prof. Silas Corrêa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
Site pessoal:
www.itarare.com.br/silas.htm

Conto de Maria de Lourdes Luciano Nonvieri, de Itararé

Máscara, Arte de Armando Merege Consagrado Pintor de Itararé



Maria de Lourdes Luciano Nonvieri

Summertime

Beleza de música, ouvi ainda ontem. O quanto pode a música, em especial se ela fizer parte de nossa adolescência, de nossa juventude.

Quando as vozes de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong tomaram corpo e ganharam o espaço, me levaram nas suas ondas até um grupo de jovens, nos altos da rua São Pedro, 1270. Ouvidos pregados num grande móvel, uma vitrola em formato de taça, de gosto excêntrico, o som altíssimo, como se assim pudéssemos levar a todo mundo a emoção de ouvir SUMMERTIME em tardes claras, de céu sem nuvens, de verão total, azul, em que nós, garotos poderosos em nossa inocência, sem adivinhar os caprichos da sorte, começávamos a inventar nosso futuro. Futuro a que nos levaria a rua larga, que no sentido leste- oeste, qual um rio, atravessa a cidade nesses dois rumos na direção das capitais de dois Estados.

A cada um de nós, de um modo particular, nos tocava a canção que alimentava nossa imaginação, provocava nossa emoção e se eternizaria em nossa memória.
Naquela época, música era só música. Não era dramatizada. Hoje é um show de sons e imagens delirantes que se sucedem e que corre o mundo em clipes comerciais audaciosos de suas bem assessoradas intérpretes: Madonna, Shakira, Britney Spears, Mariah Carey e outros ícones fabricados pela mídia de massas antecipando- se aos nossos sonhos e interpretações.

Em nossas vidas haveria ainda muitas e belas músicas, acompanhando nossa história. Mas SUMMERTIME voltaria em todos os verões, desde o primeiro, quando tudo era só promessa e o mundo nos aguardava. Quando ainda existia em nós um certo medo, um sabor de transgressão a cada novo passo, uma surpresa a cada nova emoção, a cada descoberta. O ouro da juventude sobre o rio da vida.
De todas as coisas que passam por nós e nós por elas, há de ficar a música, memória sensível, afetiva, pela emoção conferida ao vivido, que nos permite vivê-lo de novo. Então sentimos que a despeito de tudo, teremos para sempre o que o poeta chama de “dias de vinho e de flores” temperados com as graças da paixão. De SUMMERTIME.