"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

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Nosso Amor já Tem Cem Anos

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Maria Coquemala Faz Resenha Crítica de GUTE GUE Romance de Silas Correa leite


“Gute  Gute” – O Romance de Silas Corrêa Leite

                                                                                 

                                                                                  Maria Apparecida S. Coquemala

                                                                                  (maria-13@uol.com.br)

                                                                      

 

O romance  Gute  Gute do nosso querido amigo, o famoso prosador e poeta itarareense Silas Corrêa Leite, se constitui de relatos da vida de um bebê de altíssimo QI, no útero materno, em fase final de gestação. E que relatos!... Que vidinha venturosa e aventureira... Aventureira? Sei que vão estranhar, mas acreditem, assim viveu esse guri no útero da mãe que o poeta chamou de troninho - onde ele se aninhava, qual passarinho no ninho agasalhante - até que chegasse a hora do parto, ou melhor, da partida para a realidade aqui fora.

            A vida do guri não se limitava ao interior e exterior do útero na barriga materna. Extrapolava, captando tanto o mundo físico como o psicológico das gentes  lá fora. Ou seja, as limitações impostas pelas paredes uterinas não o impediam de ter contato com outros meninos e meninas de outros úteros, inclusive no mundo virtual. E assim, além da permanente observação do pai e da mãe, tinha grande variedade de amigos e amigas, até namoradinhas, com quem se comunicava com graça e humor, não apenas  através da vizinhança concreta das barrigas grávidas da sua e das outras mães;  também por outros meios, como a Internet, quando as mesmas mães grávidas se conectavam e o menino podia também se comunicar através das mesmas conexões. Só mesmo a inexcedível criatividade do Silas para imaginar tal mundo.

            E a linguagem? Via de  regra hilária, entre os bebês comodamente instalados nos seus troninhos. É mesmo para gargalhar. E quanta fofocas entre eles, quantos namoricos...

            - “Ei, encardida, você veio hoje, meu amor?”

            - “Ué, pensei que você tinha dado no pira, saído de circulação, tinha ido dar  com os burros n’água...”

            “- “Que que é isso, companheira? Tô na água, mas não sou peixe. Tô crescidinho, mas não morri aqui ainda para ir nascer do outro lado... Como é que estão as coisas?”

            “ A minha dona não está bem...”

            “Como assim? Se você morrer, eu te mato”.

            Tais diálogos podem acabar levando o leitor a imaginar-se naquele mundo em que esteve também por meses, um mundo que suas lembranças já não alcançam, ou melhor, ele pode pensar que não alcançam. Na verdade, são registros que não se apagam. Admite-se hoje que o inconsciente é a parte da memória onde se situam esses registros a que já não temos acesso, mas que podem gerar conflitos. Psicólogos sabem como chegar até eles. E nossas lembranças bloqueadas, nosso substrato, não seriam apenas as nossas lembranças, seriam também dos nossos antepassados ao longo do tempo. Registros que se refletiriam nos sonhos. E poderiam comandar nossa vida, dependendo da gravidade e da suscetibilidade de cada um de nós.

            Voltando ao menino, pouco do entorno físico ou do psicológico lhe escapava.  O relacionamento entre o pai e a mãe, ora sensível, terno, amoroso, ora tempestuoso não lhe passava despercebido entre os flashes da vida deles se sucedendo. Amigos e namoradinhas  uterinas  dinamizavam-lhe o dia-a-dia  até que chegou  a hora da partida para o enigma da realidade aqui fora, hora do parto, ou da chegança, como diz o Silas.

                Mas, enfim tal  momento foi chegando e...

            “Toda essa luz... isso não está me cheirando bem...”

            “Não sei quem sou agora - estou delirando ou não estou em mim? Mas eu sinto que escolhi dentro do castelo do sonho do outro lado da vida, no Planeta Barriga, entre as colmeias de mães...”

            “Aquilo que eu não sei é tudo que eu sei...”

            Leiam o livro. Vão divertir-se muito, comover-se também, pois o Silas sabe muito bem como despertar o interesse e a emoção de seus leitores.

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Maria Apparecida S. Coquemala é professora de Língua e Literatura Portuguesa, especializada em Linguística e pedagogia, formada pela PUC-Campinas. Como professora e diretora, trabalhou em escolas públicas e particulares.  Autora de poemas, crônicas e contos premiados no Brasil e exterior. Escreve poemas, crônicas e contos.  Já publicou entre outros Naná e o Beija-flor (infantojuvenil), Círculo Vicioso, O Último Desejo e Além dos Sentidos (crônicas e contos). Como coautora, está presente em mais de 90 antologias, inclusive internacionais.

 

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