"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

BLOGUE ARTISTAS DE ITARARÉ CHÃO DE ESTRELAS

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

CANTEIROS - Currículo Metapoético de Aprendiz de Plantador de Cenários Íntimos, Silas Correa Leite


CANTEIROS

 

Currículo Metapoético de Aprendiz de Plantador de Cenários Íntimos

 

Entre livros nasci. Entre livros me criei.

Entre livros me formei. Entre livros me tornei.

Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro.

Hoje não há como separar: O livro sou eu.

(Inajá Martins de Almeida)

 

 

-Fui engraxate em praça pública, meu primeiro trampo, família humilde, precisando ajudar em casa

Desse época só trago e tenho

As mãos com nódoas de tintas de tanto envernizar e lustrar sandálias de andorinhas peregrinas

-Fui boia-fria nos campos verdes de minha terra-mãe, Itararé

Dessa época de rudeza precoce só tenho

As mãos calejadas de grãos e raízes, árvores e arames, e rios e nuvens

-Fui vendedor de dolé de groselha preta

Hoje só trago e tenho dessa época de pobrinho lutador

As bijutelíricas da infância, que, afinal, foram, o meu maior tesouro

-Fui vendedor de banana-caturra

Dessa época de tristice e labuta trago e tenho e sou

As pencas de lágrimas de meu coração vermelho

-Fui vendedor de pipoca

Hoje só trago e tenho e crio desde então

Os piruás de tantas sofrências da vida de buscas e aprendizados

-Fui vendedor de caldo de cana

Hoje só trago e tenho e soo

O açúcar cristal de minha alma de tangerina

Soando numa taquara rachada com vestígios de ausências...

-Fui locutor de radio aprovado em concurso

(E era um adolescente que amava os Beatles e Tonico e Tinoco)

Dessa época de principio de aprendizado artístico só trago e tenho e verto

As palavras cênicas de sonora angústia-vívere que aprendi nos palcos mambembes e em coxias sem spot-lights

Fui cantor meia boca, calouro em shows da Jovem Guarda

Dessa época só trago e tenho,

memórias de botinhas sem meia, cabelos na testa, imitações de Roberto Carlos, o Rei

E as canções que a juventude fez pra mim, sentado a beira do caminho

(E as flores do jardim de nossa casa)

-Fui cronista colunista do Jornal o Guarani de Itararé

Feito um eterno aprendiz da alma humana

Dessa época só trago e tenho e sou

Os tipos, as boas impressões, os personagens de vidas, sofrências e injustiças

E o tabuleiro das palavras, versos, mixórdias de alucilâminas e chuvas de vírgulas e verbos

-Fui aprendiz e auxiliar e assistente e depois chefe de departamento pessoal de empresa

Dessa época só trago além do cargo, as admissões e rescisões de contratos, e as buscas por justiça

A alma humana se relacionando - dentro da ótica capital-trabalho (e ainda a mais-valia) - com outra alma humana...

-Depois fui chefe de contencioso de área jurídica em empresa de advocacia

De onde aprendi que a justiça é cega, tarda e falha, não me representava

E que só é válida mesmo para quem tem calcanhares descalços

E foi feita para proteger a elite de pústulas para continuar com lucros impunes, com riquezas injustas, propriedades roubos,

e a impunidade social da classe dominante

Então não tinha nada a ver comigo, não me servia

Pois sei de que origem sou e trago e tenho...

E sei de panelas vazias, e luto contra as misérias estabelecidas

-Fui finalmente reger aulas e me encontrei como ser e como humano,

como profissional, como cidadão com fito ético-plural comunitário

Crianças, jovens - sequelas de injustiças sociais e impunidades históricas

E assim me fui plantador de sonhos, semeador de esperanças, tiofessor, pai postiço, referencial

E ator, cantor, pintor, lustrador - dentro de aulas vivas

Entre baladas, historias em quadrinhos e o palco iluminado de semeaduras didáticas diferenciadas

Que acabei adorando ser maestro-docente e professor com poemas e letras de músicas e bagagens de escrevivências letrais de percurso evolutivo

Que me fui feliz, a partir de tudo que aprendi no currículo da pratica vivenciada de uma estrada de tijolos amarelos

-Hoje, depois de décadas, e de tanto dar aulas, fiquei doente, fui corrompido pela máquina da sobrevivência possível até o estertor

Fui largado num silo-hangar de uma sala de leitura de uma escola pública de comunidade carente, afastado... professor...

-E readaptado como docente e pelo sistema. E aleijado pela docência acumulada; e desvalorizado em Sampa, Samparaguai, o neoliberal estado-máfia, por fim

Estou lotado numa biblioteca de uma escola, e assim

Depois de tantas lutas, cursos, diplomas, livros, currículo de vida e luta e amor...

Entre chuvas, lágrimas, ou suor, força, luta, obra e fé

De sonhos e esperanças ainda um plantador

Feito finalmente um Gepeto, um Peter Pan, um Robinson Crusoé

Longe da minha Terra do Nunca, Pasárgada, Shangri-lá, Itararé

Resto-me ainda poeta, escritor

Numa biblioteca. E entre livros, como minha vida feito um romance, finalmente estou preso em mim.

-0- Silas Corrêa Leite, Professor, Jornalista Comunitário, diplomado Conselheiro em Direitos Humanos, Blogueiro e escritor premiado membro da UBE-União Brasileira de Escritores.


 

 

 

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