Julguemos
o Juizo
"Eu já havia reparado, em pessoas,
que a afetação de sentimentos louváveis
não é a única desculpa, mas que são malvados,
sendo que um pretexto mais novo é a exibição
destes,
de forma que ao menos não pareça
ocultá-los." Proust,
Marcel Proust. Le Temps retrouvé.
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-Julguemos
o Juiz, Julguemos! Juízo ao juízo.
Se a suposta autoridade constituída de forma
leviana e imprudente, julgar inocentes, condenando-os
Denunciemos o juiz sem ética e sem o devido e
transparente critério e juízo de valor
(Juiz marajá, que, condenado se aposenta
compulsoriamente com alto soldo
Que espécie de ladrão da própria toga o é?)
Julguemos os juízes. E os acusemos:
-Eu vos acuso de:
( )-Julgar por querer aparecer no palco aloprado da
historial mídia insana
(
)-Julgar por julgar, nãopor caráter imperioso ou dever de oficio e
conhecimento de oficio
(
)-Julgar todo prepotente pensando que é o que não é, pensando que pensa
(
)-Julgar como um carrasco de ego inflado, querendo aparecer mais do que
a justiça propriamente dita
(
)-Todas as alternativas estão corretas.
Julguemos o Juiz. Que a sua cadeia seja a sua
consciência, o seu remorso ("Toda história é remorso" diria o Poeta
Drummond)
Pois a própria pele é a cela epidérmica do
juiz injusto
Não, não se enforca mais ladrões de cavalos,
nem se corta mais cabeças de nobres , poderosos e infiéis de propósitos
Assim como, na democracia republicana, nem
sentenças alopradas de vaidosos deixam de gritar em detrimento de uma elite de
tribunais de 'eles por eles'
Então, camaradas e irmãos sonhadores,
julguemos, condenemos o juiz-fuinha, o juiz-blefe, o juiz-cloaca
O juiz-babaquara, o juiz tendencioso e
parcial, o juiz inumano e amoral
Condenemos o juiz lerdo - da justiça que tarda
e falha (com seus suspeitos labirintos burocráticos a peso de ouro)
Condenemos o juiz-hiena, o juiz-circo, o
juiz-fuinha
O juiz bufão que bate na esposa e fica tudo
por isso mesmo - Que justiça é essa?
O juiz que liberta empresários bandidos do
crime organizado - Que justiça é essa?
O juiz que vai à formatura de chefes de
quadrilhas devidamente aparentado de juiz (com presunção de impunidade e de
imunidade entre os podres poderes)
O juiz que liberta latifundiários assassinos
de freiras - Que justiça é essa?
O juiz que liberta banqueiro ladrão a preço de
banana - Que justiça é essa?
E que, quando cansado de lustrar o ego para
aparecer em hora imprópria que na verdade deveria ser de foro intimo
Estressado por luzes de falsas ribaltas
demodés, vai à Europa se curar da mesmice...
(Todo poder emana da verdade e em seu nome
deve ser exercido)
Fora juiz-burguês, juiz níquel-náusea, juiz
luxo-fusco, juiz palco, juiz banker, juiz spot-light, juiz fantoche
Juiz que corta cebola e é a cebola quem chora
Juiz que ignora a verdade que o enobreceria ou
daria claridade ao direito e à justiça, sem tacão ou chicote
(No Supremo Tribunal do Inferno
Poucos são chamados e poucos escolhidos)
-Não
julgueis para não serdes julgados, está escrito -
Condenemos
o juiz que não olha com prisma de juiz, mas açodado com foco de pelotão de
fuzilamento
(Ah a letra fria da Lei; a letra morta da lei
- a Lei? Ora, a Lei...)
-Para os
inimigos, a Lei, para os amigos, a prescrição, o suspeito entendimento
rigor-formol, a formação de quadrilha para defesa dos mesmos...
Critiquemos o juiz que, todo pimpão cerceia o
direito da defesa com cara de tacho de Casagrande
Critiquemos o juiz banana que quer aparecer
mais do que a justiça (que nem sempre há para ricos e poderosos)
-Ah as riquezas impunes
-Ah os lucros injustos
-Ah as propriedades roubos
(Ah as privatizações-roubos impunes de
Samparaguai, Tucanistão, o Estado Máfia)
Ah o cínico estado mínimo do neoliberalismo
câncer da história
Ah o juiz que se enrola no tapete das
etiquetas e varre a verdade para debaixo do palácio (entre estátuas e cofres)
das aparências
Que justiça é essa?
Que juiz é esse? - Mais: que direito é esse?
Eu vos acuso, justiça injusta, senil,
decrépita, tendenciosa e parcial
Eu voz condeno juiz turrão de colarinho branco
engomado
Eu vos acuso juiz de pequena causa aloprado em
defesa de si mesmo, de sua pose tacanha e medonha
E vos condeno. Juízo ao juízo.
As algemas são do tempo - o tempo é o melhor
juiz
A sentença final cedo ou tarde virá
E aqueles que atirarão torrões de terra em
vossa tumba de mumificado para agradar a incautos, mal formados e mal
informados
Serão as mesmas mãos sujas de vosso meio, de
vossa elite, de vosso estilo, de vosso clã; e então gritaremos em alto e bom
tom, soltando o verbo, levantando bandeiras, soltando foguetes:
-A morte
faz justiça para todos. A morte virá cobrar com choro e ranger de dentes...
Ai de ti Justiça amoral e inumana...
E das celas soarão os gritos. E dos campos
santos revirarão cadáveres de miseráveis entregues à própria sorte, ao
deus-dará
E sobre a vossa sepultura os vermes não
ocorrerão, pois não saberão quem é quem
E apodrecerá o pó de vossa tumba toda pomposa
de cara cruz inútil
Semeada de engano, de mentira, de enganação,
de presunção e de tanta prepotência
Quando ainda agora posas de falso moralista,
de falso dono da verdade
Com sentenças tendenciosas e parciais;
preservando o outro lado - os amigos do alheio e seus antros de escorpiões com
bezerros de ouro do lucro fácil, das máfias de jecas
E fazes pose para a mídia amoral de uma elite
amoral
Nós vos acusamos; nosotros vos condenamos
Até que essa mesma morte que ao final a todos
julga, repare o vosso erro, o vosso martelo ignóbil e vil
E sejas apenas uma página virada no tribunal
da ética
E envergonhando toda uma categoria, todo um
clã; representado uma infame sociedade hipócrita (no pântano da condição
humana)
Serás finalmente então um pote de vísceras
dela; um refil de vaidades doentias...
Mas, nós, nós os simples, os comuns, os
paisanos, ainda em júbilo cantaremos vitória sobre os vossos ossos,
em nome dos oprimidos,
dos injustiçados,
dos inocentes,
dos condenados em vão
Porque bovinamente vos tornaste lacaio da
injustiça e do logro social que alimenta o ferrão tacanho da elite sórdida
Fundada numa ditadura, num regime de exceção,
num capitalhordismo de agiotas
E do qual fostes um bastardo refém, foste
freguês, foste mero rufião. Foste um marionete!
-0-
Silas Correa
Leite
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