"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

sábado, 21 de setembro de 2013

GOTO, Romance de Silas Correa Leite




Resenha Critica
GOTO, Novo Romance de Silas Correa Leite
GOTO - A Lenda do Reino do Barqueiro Noturno do Rio Itararé
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Os seres humanos me assombram
Markus Zusak

Prosseguindo na sua bela carreira já provada brilhante, arrojada, sempre com surpreendentes idéias novas e fora do comum, o literato premiado Silas Correa Leite lança seu vigésimo livro, e, desta feita um Romance de mais de 400 páginas, denominado GOTO – A Lenda do Reino do Barqueiro Noturno do Rio Itararé. Uma obra literária que evoca a fauna ribeirinha de uma cidade boêmia, Itararé, terra do autor, com seus tantos eméritos contadores de causos do arco da velha, em que um estouvado menino deficiente físico ao ganhar idade fica com a missão de imitar o pai e levar passageiros no barco Faísca de Aladim do lado paulista do Rio Itararé, à uma cidadela no Paraná, Bom José da Versalhada que mais parece uma cabeça de burro.
O menino atiçado, sensível – sensitivo? – começa a baldear além de passageiros comuns a passageiros estranhos, e também começa ganhar mais do que o pai que é barqueiro durante o dia, e começam a acontecer coisas inexplicáveis, surreais, fantásticas, além do Goto, personagem principal do rio, sempre vir, ao raiar de cada manhã com um causo pra lá de interessante, do tipo história que povo conta, numa narração cênica, uma história pra contar pros velhos curiosos e sua platéia pais naquele ermo rural.
Os causos no começo são uma espécie assim de cinema mental dos velhos, depois começam a acontecer coisas, o menino parece conhecer a alma do rio, a alma da canoa, a alma da noite, a alma do lugar, aqueles cafundós. Chega a um termo em que, os causos não se sabe se são do passado, do presente, do futuro, e se ele estaria transportando além de passageiros notívagos, talvez, também almas penadas encalhadas nos desvãos de outros desmundos, que vêm no moço sensível, solícito e puro uma espécie de abridor de corações, destinos, mentes e vidas passadas, e deitam falatório enquanto ele ganha o rio levando a trazendo gente e não gente.
Nessas contações, cada dia um causo, Goto começa a reavaliar a vida, a sondar e criticar os pais, entrando na fase da adolescência e logo ficando jovem, mesmo aleijado, o remo do barco sendo sua sua muleta, nos finca-pés da canoa meio encantada tece sua vida, sua fuga, sua alma-rio. Uma espécie de terceira margem do rio Itararé com um sentido historial. Silas novamente surpreende nesse romance que levou cinco anos para ser elaborado, e os causos do arco da velha surpreendem ainda mais, mais a alma do menino sendo revelada assim como vão revelando, como o rio-alma do lugar para lá de um recanto rural em que o Judas perdeu o All-star.
Você se delicia com o alto estilo peculiar do autor na narrativa garbosa, com os causos que trazem a fala ribeirinha do contador náutico, mais as alegrias e tristezas disso, quando o lugar também começa receber gente que não são dessas paragens. A alma do Goto é exposta, seu sistemático e implicante pai com mão de pardal, sua mãe humilde que adora o filho doente – achando que ele é louco - que fala só por versinhos, e a canoa-imaginação vai singrando profundezas de momentos, almas, situações de conflitos e tudo mais.
Goto é isso: um romance literalmente de peso. O autor faz uma leitura territorial, humana e algo fantástico bem condizente com seu estilo e sintaxe própria, como se o lugar fosse assim uma espécie de encruzilhada de outra dimensão. Goto, feminino de gota, e sua história de vida, um inocente, puro e simples ser humano querendo andar nas palavras, saltar pocinhas nas falas, calcanhar de frigideira, andar de segura peido, e a cobrar além do custo da empreita pela viagem no rio Itararé, também um causo, uma história de lambuja, uma fala mansa para depois seu bico doce retratar empostando voz aos genitores. Silas Correa leite vai narrando as acontecências e lendo a alma-água do menino, pondo o leitor fervoroso a indagar o que é aquela tal contação de todo santo dia, o que realmente GOTO é ou pode ser, o que aquele lugar marcado de curva de rio fez dele, o que ele mesmo sonhou, sentiu, pensou e fez de si mesmo – na alma, no coração, no espírito, no psicossomático por décadas levando e trazendo o que mal sabe o que é ou ao é. A mãe submissa, o pai interesseiro, o rio com altas e marés e a canoa também meio encantada já conhecendo a fala do dono, e vai o romance bem proseado, como se fosse o autor, ele mesmo, uma espécie assim de Goto também.
História com começo, meio e fim, muito bem tramada, gostosa de se ler, densidade narrativa, o estilo todo próprio do autor elaborando um clássico que a obra se tornou, a sintaxe do autor apontando cargas de profundidade, neologismos, palavras recuperadas, situações clarificadas, pertinências e entornos, e mesmo a visita do outro lado do mundo de soldados do imperador, escravos nus, mais aparecimento de moedas franceses do tempo de Debret e Saint Hilaire (que passaram por Itararé) dando tons bonitos ao encorpamento da tessitura do livro.
GOTO ainda vai ser reconhecido como um dos melhores livros lançados por Silas Correa Leite. Jean-Paul Sartre dizia que ninguém é escritor por haver decidido dizer alguma coisa, mas por haver decidido dizê-las de determinado modo. Assim é Silas Correa Leite nessa obra prima que é O GOTO. Bem-vindo à lenda do reino encantado do barqueiro noturno na terceira margem do rio Itararé.
O livro está à venda como ebook ou como livro impresso no site:

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Antonio T. Gonçalves

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