"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

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Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ELEIÇÕES EM ITARARÉ; CENSURA NA IMPRENSA LOCAL



ARTIGO CENSURADO PELO JORNAL O GUARANI DE ITARARÉ-SP, 19/10/2012:

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Itararé: Eleições, manifestações e a democracia, uma análise. por Luis Felipe M. de Genaro.

Após as eleições municipais, na última semana que se passou, aprendi diversas lições que levarei para o resto da minha vida como cidadão. Enumerar cada uma delas seria friamente impossível, elas mesclam-se com diversos sentimentos no âmago do meu ser. Mas tentarei ser breve e conciso ao discorrê-las para vocês, caros leitores. Após o sábado dia 06, de carreatas e passeatas dos quatro candidatos, confesso que estive presente protestando e gritando “não” para muitos que falsamente me cumprimentaram, seja de cima de seus tratores, carros ou caminhões. Disse não em alto e bom som, mesmo abafado pelas incessantes buzinas. Disse não, pois se fazia necessário que alguém em meio à multidão dissesse “não”. Os ânimos já estavam à flor da pele! Neste meio tempo, do sábado para o domingo, a capacidade de pensar, os interesses e a luta – nunca em vão – de muitos, foi posta em xeque. Afinal de contas, fomos todos às urnas eleger um novo candidato a prefeito municipal. O dia foi de tensão. Uns almejavam a mudança plena, outros a continuidade. De uma maneira quase fúnebre, aqueles que almejaram a mudança, deitaram-se aos prantos, em luto. Uma pequena – mas decisiva – parcela da população itarareense havia escolhido a continuidade, e os outros 65% a engoliram.

Muitos acordaram na segunda-feira, dia 08, sem ânimo para nada. Afinal, sabíamos que o futuro e o destino de nosso município tinham sido jogados no lixo da maneira mais incoerente possível. A sensação de impotência era visível na face das diversas pessoas que encontrei pelo caminho, pessoas que eu sabia que estavam de luto (algumas fizeram questão de se expor usando pedaços de pano preto enrolados no braço ou na cabeça). Itararé tinha morrido nas urnas, pensávamos. Foi então que refleti: a cidade enfrentava naquele momento uma crise política – e identitária – sem precedentes. Os mais prejudicados pela reeleição não éramos nós, leitores, esclarecidos e estudados. Os mais prejudicados eram, continuam e continuarão sendo, as crianças sem merenda ou material escolar, os moribundos sem médicos e remédios encostados na Santa Casa, os idosos no Asilo, jogados às traças, os professores sem avanços qualitativos em suas profissões, os moradores próximos aos esgotos em céu aberto e ruas esburacadas, e o velho proletário das periferias e vilas, alienado pelos grandes ilusionistas da politicagem. Eu almejava ver o Anfiteatro, que carrega o nome de meu honrado bisavô, Sylvio Machado, totalmente construído. Livros novos para a Biblioteca Municipal, computadores novos, novos jardins e praças, remédios e rápidos atendimentos, muito mais cultura e educação. Praticamente inexistentes em Itararé.

Foi então que naquela mesma segunda-feira, em recesso de minha faculdade, soube que alguns inconformados – assim como eu – estavam organizando uma passeata fúnebre, apartidária e pacífica. Em poucas horas, a informação espalhou-se como fogo em um terreno seco. Muitos de nós começamos a sentir que aquela sensação de impotência começava a se dissipar de nossos preocupados corações. A noite então chegou. O povo então se reuniu na Praça Matriz. Cada passo dado pelos quase trezentos participantes, a cidade parecia revigorar-se da ressaca do dia anterior. Velas, cartazes com dizeres inteligentes e implicitamente acusativos, um caixão simbolizando Itararé, e dezenas de indivíduos inconformados marcharam até a Câmara Municipal, também lotada. Simbolicamente, Itararé chacoalhou-se. Muitos reacionários criticaram o movimento como sendo a “morte da democracia”. Afinal, o que eram aquelas pessoas vestidas de preto? Quanta bobagem, não? Deixe-me contar uma pequena historinha: durante séculos, internacional ou regionalmente, regimes e sistemas de governo, quando não apaziguados ou moldados pelas poderosas mãos de grupos de interesse econômico ou religiosos, foram derrubados pela força do povo, de intelectuais dispostos e cidadãos conscientes. Aqueles que, de uma maneira quase estúpida, afirmaram que a democracia havia morrido naquela noite, não sabiam o que falavam – ou tentavam não saber. A república democrática deve ser “do povo, pelo povo e para o povo”, afirmou certa vez o estadista norte-americano Abraham Lincoln. Obviamente, em nosso município, as coisas não funcionam dessa maneira. A maioria estava, e continua insatisfeita!

Não somente eu como muitos outros eleitores se moveram. E no desenrolar da semana, as vozes revoltosas sufocaram as ações medíocres – principalmente virtuais e impressas – de um povo manipulado, e de uma elite parasitária legitimadora, em desespero e sem argumentos, a não ser o próprio e visível interesse. No último final de semana muito se concretizou. A reeleição era uma infeliz realidade. Os conflitos ideológicos que ela gerou entre amigos e familiares, com toda certeza já existiam, no entanto, estavam adormecidos. Com violência, foram expostos ao relento. Pensemos então: se até o dia 31 de Dezembro, nenhum dos processos jurídicos – “fardos” de nosso atual representante – se concretizarem na esfera judiciária, logo executiva, não comecem a rir ou estourem litros de champanhe. Os inconformados, os revoltos e aqueles que estão de luto, ainda estão aqui. E continuaremos por aqui! Deixo para vocês uma impactante frase de um dos mais importantes escritores e juristas brasileiros, Rui Barbosa de Oliveira: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Interessante como uma frase se encaixa em tantos momentos e contextos históricos, não é mesmo?