"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Resenha Porta Lapsos, Livro de Silas Correa Leite




Livro Porta-Lapsos, Poemas, de Silas Correa Leite


Nunca Aprendi a Resenhar

Tenho um bom amigo, poeta de primeira, homem de repentes inteligentes e causos insólitos, que tem como seu o lema de Tolstoi, algo que se refere a se ser universal falando sobre sua aldeia. O seu nome é Silas Correa Leite, e, apesar da vastidão do seu canto, o seu mundo é a cidade de Itararé, na divisa do estado de São Paulo e o Paraná. Aquela mesma, a que onde o humorista Aparício Torelli, foi buscar o “feudo” e, consequentemente, o seu título de Barão.

Quando o humorista Torelli cunhou o título de sua nobreza, muitos – os pobres de espírito – acharam que ele estava ridicularizando aquele burgo. Ledo engano. Torelli, já feito Barão, estava realçando o provincianismo da chamada grande imprensa, a qual, incapaz – por interesses próprios na perpetuação das mazelas impostas ao povo por uma elite governante insensível –, de denunciar o que deveria sê-lo, criavam pseudo-notícias, na tentativa de desviar a atenção do público dos problemas reais da nação.
O nome da pacata Itararé entrou no noticiário – com perdão do lugar-comum – assim como Pilatos entrou no credo. Relacionaram-na com uma batalha que deveria ser decisiva para a Revolução de 30 – ou teria sido da Revolta reacionária de 32? Não importa. Importa, sim, que o que o humorista fez foi mostrar quão ridícula era a nossa grande imprensa, pois ela sabia que jamais haveria batalha nenhuma. Daí que o humorista ter a sua pretensão nobiliária com a assertiva de que sido aquela “a maior batalha dos tempos modernos, que não houve”.

Desviei o tema sobre o meu amigo, o poeta Silas Correa Leite, para seu torrão natal, Itararé, dele passei ao Barão do mesmo nome, não foi apenas por divagação, mas também porque nunca aprendi a resenhar. E como o meu desejo é falar um pouco da obra desse vate de Itararé, fica evidente que estou em papos-de-aranha. Porque – repito – nunca aprendi a resenhar.

Conheço dele apenas três livros: Assim Escrevem os Itacareenses – que, como o título sugere, é uma antologia de autores locais – Campo de Trigo com Corvos – Contos – e Porta-Lapsos – Poemas.

Seus contos são contundentes, às vezes irônicos, não isentos de nonsense; outras tristes, buscando mão mostrar sofridas lágrimas. Sua poesia, no entanto, que muitas vezes funciona como um chute na canela – desses que estão a dizer-nos, desperta ô cara! – é de uma originalidade a toda prova. Nelas a alma chã – porém fecunda – do nosso povo está sempre presente. Silas é um menestrel que canta não a gota de orvalho, mas o reflexo da primeira luz da aurora, quando o raio de sol extrai um minúsculo arco-íris de um nada líquido. Por isso é mister dizer – e constatar – que em seus versos há muito da cintilação do silêncio. Não do silêncio mortal da solidão, mas cheio da sonoridade canora dos pássaros matinais. Lê-lo em voz alta, isto é, ouvi-lo, é-se obrigado a deixar escapar, por entre um trejeito sonolento, o sorriso que é preciso rir durante o dia para que a vida seja menos árdua. Por isso – e por muitas outras sutilezas – ao ler a poesia de Silas e seus contos – lembro-me de Saramago, quando diz: “[...] mas há pessoas a quem atrai mais o duvidoso que o certo, menos o objecto do que o vestígio dele, mais a pegada na areia do que o animal que a deixou, são os sonhadores, [...]”

Silas Correa Leite é um sonhador.

Oxalá ele nunca os realize, pois assim nunca deixará de sonhar.

Araken Passos Vaz Galvão Sampaio,
Araken Vaz,
Ou, em minha terra, Galvão.
• -Promotor Cultural, Cineasta, Historiador e Literato
Valença, Bahia, Brasil.
www.arakenvaz.blogspot.com
www.olobo.net