"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

BLOGUE ARTISTAS DE ITARARÉ CHÃO DE ESTRELAS

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Triângulo de Fogo, Romance Infantojuvenil de Carlos Augusto Segato, Giselda Laporta Nicolellis e Rosana Rios


Breve Resenha Critica

 

“Triângulo de Fogo”, um belo romance infanto-juvenil escrito a seis mãos

 

A Coleção Jabuti, da Editora Saraiva, há décadas brinda seu seleto público juvenil com belíssimos livros cults de qualidade e emoção, dezenas deles já clássicos entre jovens, e entre todo acervo algumas obras de Carlos Segato, já autor de vinte livros. Este “TRIANGULO DE FOGO”, foi escrito a seis mãos, em coautoria com Giselda Laporta Nicolelis e Rosana Rios.

A literatura infanto-juvenil é um ramo da literatura dedicado especialmente às crianças e jovens, sendo fundamental para que crianças travem contato com os livros desde cedo, acostumando-se com sua textura, seu formato, seu cheiro e seu maravilhoso universo de possibilidades.

Nesse contexto, Carlos Augusto Segato faz bonito desde 1987, pois escreveu vários livros já com edição esgotada, lançados pela Editora Moderna, Atual Editora, Editora Palavra Mágica, Escala Editorial, Editora Positivo, Saraiva, entre outras.

O romance TRIÂNGULO DE FOGO que pega você pela palavra, quando passa um roteiro de filme na sua cabeça, daqueles que você não quer parar de assistir. A história, bem movediça, se assoma quando jovens deparam com um mundo de ambição, corrupção, tráfico e assassinatos. O velho João Carlos Lorquemad, o JCL, homem rico e influente, morre em um incêndio. Quando a família se reúne para o funeral e para discutir a divisão dos bens, os netos do de-cujus, adolescentes curiosos, acabam ouvindo conversas estranhas, assuntos como sobre divisão de bens, possíveis suspeitos (caso o incêndio no casarão não tenha sido um simples acidente...), fatos políticos embaraçosos e coisas do tipo. Ousados, resolvem investigar por conta própria a morte do querido avô. A partir daí ocorrem fatos estranhos, perigosos, revelando um mundo de ambição, de corrupção, de tráfico e de assassinatos. Você segue a leitura numa narrativa ora de romance policial, ora de pura ação, com um toques de terror, e anseia descobrir o que de fato aconteceu. A investigação ganha nova força quando dois policiais audaciosos também entram em ação. Acidente ou crime premeditado? Mistério! O que está por trás do incêndio e da morte do velho empresário com tanta influência política? Desde o início, os três primos, Henri, Fausto e Ingra acharam o incêndio muito mal explicado.  O livro é divertido, cativante, cheio de mirabolantes reviravoltas, revelações, situações de riscos, mentiras, tramas ocultas. Um repertório de criação e tanto. Uma narrativa que prende a atenção do leitor do começo ao fim nas suas 184 páginas. Aliás, daria um belo filme infanto-juvenil, mas que também agradaria a todos os públicos. Em cada página uma descoberta, um mistério, um novo personagem, uma surpresa, um novo elemento na trama: o bendito/maldito e complicador “triângulo de fogo’, uma certa seita secreta, etc e tal. De perder o fôlego. Romance cativante.

Para variar, e isso é interessante e datado, pois o que surpreende ainda por cima é que o livro começou num ocasional desafio entre os autores amigos, uma troca de e-mails, depois um encontro, depois, tipo um começa, outro continua e todos terminam, e assim a própria feitura do livro é uma bela história nesses tempos de tantas infovias que levam, trazem, focam, trocam e acrescentam arte e cultura.

A Rosana Rios (escritora, ilustradora, arte-educadora e roteirista brasileira) teve a ideia; a Giselda Laporta começou (escritora com mais de cem trabalhos, entre livros infantis e juvenis, ficção, poesia e ensaio), escrevendo o primeiro capítulo, e Carlos Augusto Segato tocou no mesmo ritmo e foco. E assim foram, num revezamento tríplice ao longo de 21 capítulos até o final, desembocando neste já clássico de literatura contemporânea. Que conta com as ilustrações expressivas e marcantes do artista plástico Henrique Kipper (ilustrador gaúcho consagrado, vencedor do prêmio HQMIX), carregando nas tintas e criando uma atmosfera sombria que faz um diálogo perfeito com o texto.

Livro recomendado para crianças, jovens e adultos, e também aos mestres educadores para leitura e indicação aos alunos. Li de uma pegada só. E cada vez ficava mais curioso com a revelação seguinte, a página seguinte, o personagem seguinte, o mistério seguinte, o perigo seguinte, eles todos se entrecruzando, até o final que, ponhamos, foi literariamente um achado.

Bravo!

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Triângulo de Fogo

Editora Saraiva, Coleção Jabuti



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Silas Corrêa Leite, Professor, Jornalista e Escritor. Autor de O LIXEIRO E O PRESIDENTE, romance social, Sendas Edições, Curitiba, Pr, 2019. Contatos: poesilas@terra.com.br

 

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O Escritor Carlos Segato Comenta sobre o Livro O LIXEIRO E O PRESIDENTE, de Silas Corrêa Leite


Carlos Segado Lixeiro e o Presidente

Prezado Silas Corrêa Leite

Acabei a leitura do seu divertido "O lixeiro e o presidente". Dei muitas risadas e relembrei alguns casos, infelizmente indigestos, como muito do que se refere ao governo do FHC.
Gostei muito.

Achei o texto um pouco fragmentado, o que é um desafio a mais para o autor, já que quebra aquela sequência clássica da narrativa.

Por outro lado, os diálogos parecem cair para uma prosa em forma de teatro.

Minha preferência, ao escrever (e aí é uma questão pessoal, assim como a questão da fragmentação), é por um equilíbrio entre o diálogo e a descrição. Mas aí é o desafio que cada obra se impõe, e você é um conhecedor da matéria.

No mais, me diverti bastante. As referências, os termos da nossa região, mesclados com a fala irreverente do Severino, que é uma grande sacada como personagem, tornam o texto muito interessante, e o surgimento, aos poucos das mazelas do governo FHC (em contraponto quase trágico), dão um bom tempero ao livro.

Obrigado pelo envio do livro O LIXEIRO E O PRESIDENTE e parabéns! 

Grande abraço literário, meu amigo!

CARLOS SEGATO(*)

Breve currículo:

(*) - Carlos Augusto Segato (Itapeva, 1960) é um escritor brasileiro. Trabalhando como analista de TI do Banco do Brasil, estreou na literatura com a publicação de "A morte do Conde", em 1987, pela Editora Moderna. Mora em Brasília desde 1999 e já publicou histórias infantis conhecidas em todo o país como "A terra das coisas perdidas" (Atual Editora, 1994), "Um rato na biblioteca" (Atual Editora, 1995) e "Resgate de Amor" (Quinteto/FTD, 1996). Em 2008, publicou dois livros: "Yacamin, a floresta sem fim" (Giz Editorial, 2008) e "O raposo e as luvas" (Positivo, 2008). Em 2012 publicou "A última flor de abril" pela Editora Saraiva, em parceria com o escritor mineiro Alexandre Azevedo, chegando à marca de dezenove livros publicados em 25 anos de carreira. Em julho de 2019 saiu seu vigésimo livro, "Pretérito mais que imperfeito", o segundo em parceria com Alexandre Azevedo, pela Editora Bagaço, de Recife



segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Tibete, Romance, de Silas Correa Leite, resenha crítica de Marcelo Pereira Rodrigues


Silas Corrêa Leite e o seu Tibete particular
Por Marcelo Pereira Rodrigues (MPR)*

Silas Corrêa Leite é um ser performático. Professor, profícuo escritor, jornalista, agitador cultural, comentarista político nas redes sociais, comunista e visionário, seus escritos por vezes se travestem de verborragias e um desejo muito natural (propício a todo artista que se preze, de aparecer). No bom sentido do termo. Mas é aí que surge o contraditório: nos tempos atuais, onde as pessoas se importam mais com a forma do que o conteúdo, em que beldades se auto intitulam atrizes e onde youtubers colecionadores de likes viram celebridades e consequentemente escritores, qual o espaço para verdadeiros escritores, de almas atormentadas, desses que escrevem com sangue, como bem sugerido por Friedrich Nietzsche (1844-1900)? Pois este é o dilema de Silas, a partir da leitura que fiz de Tibete, de quando você não quiser mais ser gente. Com uma advertência na capa: Destruam este diário ou destruam suas vidas. Publicado pela Jaguatirica, em 2017, o livro possui 381 páginas.
Na obra, um homem se retira do mundo e vai viver em um sítio em Itararé – SP. Através de um cotidiano ordinário, vai purgando as suas angústias e sobressai o lirismo de versos bem construídos, letras de músicas que evocam a Raul Seixas, chistes e aforismos poéticos que fazem da leitura um exercício prazeroso, pois a diagramação da obra é bastante convidativa. À medida em que vamos acompanhando o cotidiano deste matuto, vamos subindo as nossas montanhas e estranhando o povo que insiste em ficar na planície. Metáfora do excepcional A Montanha Mágica, de Thomas Mann? Se não temos a verticalidade do sanatório de Davos, a horizontalidade do sítio, o amor do homem pelos bichos de estimação e os cuidados com os afazeres práticos nos conduzem pela mão, como a mostrar generosas relações interpessoais, quando acontecem. O sujeito estranho a este mundo faz o seu diário com trocadilhos, e tem uma visão aguda sobre a corrupção das pessoas. Faca quente cortando a manteiga. O ermitão sabe bem dar o seu recado. Pessoalmente, esse cenário rural me é familiar, e como escritor apresentei ao mundo das letras Arioswaldo, personagem do romance O Filósofo Idiota.
Como toda excelente obra, Tibete... não é conclusiva, e me deixou com a pulga atrás da orelha, e assim pretendo continuar, sobre ser o matuto o alter ego do escritor. Tudo isso devido ao nome Ivo Gabriel Moura Scarpelli. Por favor, autor: não me esclareça! Entre a vida e a arte, escolha a verdade da arte, como bem indicado por Oscar Wilde (1954-1900). Adendo: verdadeiramente, o ano de 1900 foi detestável: perdemos dois gênios. Nietzsche e Wilde.
Que o autor continue com a sua subida (vertical ou horizontal), que escreva para continuar purgando seus sentimentos e que encontre bons leitores. Certamente os do q da qualidade em detrimento aos q da quantidade, pois, como sentenciado por Nietzsche: “Alguns nascem póstumos! ”.
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Marcelo Pereira Rodrigues (MPR) é filósofo e escritor, autor de 12 livros, tendo publicações no Brasil, Portugal, Espanha e América Latina. Editor da Revista Conhece-te, que existe há 18 anos e meio com periodicidade mensal.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Resistir é Refletir, livro de ensaios temáticos de Márcia Moussalem


 

 

Artigo/Breve Resenha:

 

Resistir é Refletir - Socióloga Márcia Moussalem lança livro de ensaios sobre temáticas contemporâneas

 

“Fazemos parte de um sistema de forte ideologia dominante que desumaniza e nos rouba a alma, dando lugar ao individualismo, competição, poder, ganância, desigualdade, exclusão e violência.”. (in, A CULTURA CRUEL DOS ADÃOS E A RESISTÊNCIA DAS EVAS, Márcia Moussalem, citado in, “Pensatas, Ensaios Literoculturais” de Silas Corrêa Leite)

 

-Nesses tempos tenebrosos de muito ouro e pouco pão, de muitas atrocidades e pouca razão, de um fascismo no cio e de uma horda empoleirada em todos os podres poderes mal constituídos, em que a ética sóciocomunitária de inclusão social faliu e os imbecis ditam as regras funestas de um câncer neoliberal, em que a justiça é midiática e a mídia abutre viceja o despotismo e a impunidade por atacado, resistir é preciso, e também refletir é a soma de todas as esperanças e valores, por isso, muito oportunamente a Mestra e Doutora Márcia Moussalem, juntando sua fé num humanismo de resultados à obras de quilate, de vida e produção intelectual datada de registro de seu espaço e lugar, lança um livro que bem registra e retrata esse nosso tempo de lucros impunes, de riquezas injustas, de insanidade de todos os teatros maléficos de totens de nosso “capitalhordismo americanalhado! Nesse propósito é seu livro “RESISTIR É REFLETIR”, Editora UNI, SP, 182 pgs.

-Com nossa frágil e drenada Democracia usurpada, com constituição violada, com a violência, o quinto poder, ferindo as instituições e a própria constituição, carta magna, em portentosos textos, artigos, opiniões e ensaios a autora, como bem diz Viviane de Paula, Professora de Direito, na quarta capa da obra, vem cumprir seu papel de cidadã e reforçar as trincheiras da legalidade, pois resistir é preciso, e refletir sobre também.

-Uma coletânea de textos variados sobre a sociedade contemporânea, em dezesseis anos de opiniões e artigos publicados no jornal Folha de São Paulo, no Observatório do Setor, em outros portais e jornais, selecionados criteriosamente que foram para retratar questões desses nossos tempos, e na página 7 já demonstra o que a obra como cenário, palco e mosaico propõe: “Eu decidi ser eu e nunca mais voltar atrás” (Carina Fuentes) e “Nunca soube o que é o medo. Tenho o mágico segredo de conquistar o impossível” (Dom Quixote”. As narrativas do livro nesse fulcro seguem e mostram a peleja da autora, professora universitária, entre outras coisas e estudos que a qualificam.

-Discorrendo sobre os mais variados temas bem atuais, que vão de delineamentos sobre acultura atual dos Adãos e a resistência das Evas, passando por áreas como Artes, defesa da vida (descriminalização do aborto), o Brasil que sangra, as eleições, a América Latina e seus muros , lutas e resistências, as redes sociais, a questão das drogas, educação e escola sem partido (a formação de zumbis), passando por juventude, cidadania, movimentos sociais, terceiro setor, o saber popular, o silêncio das virtudes, findando em a importância dos livros na transformação, a luz da Amazônia (projeto Vaga Lume), ou, ainda, tópicos como rebelar ou obedecer, socialismo e qualidade de vida, sustentabilidade e empreendedorismo, o interessante livro engloba várias prismas, setores e referências, além de, generosamente ao final indicar filmes e sites que reafirmam e sustentam esses nossos tempos e sobre as teses  em que a autora se fundou com gabarito acadêmico e intelectual nesse propósito.

-Às páginas 33 do referido livro Márcia Moussalem pontua: “O momento de barbárie que estamos passando em todas as dimensões da vida é assustador. Porém, é nesse cenário real que uma parte dos seres humanos inseridos nessa selvageria resiste e luta em busca da construção de outro mundo. Os outros, por outro lado, se encontram em um estado de hipnose, ignorância e apatia profunda”(...) (América Latina: Mudos, Lutas e Resistências).

-Nesse enfoque, a autora com seu severo e precioso olhar foca as questões todas, que muito criteriosamente analisa, sem ser exatamente acadêmica, mas tendo a precisa e preciosa visão ético-humanista desses nossos tempos, e assim assenta e registra sobre seu momento e lugar de ser, confirmando suas reflexões muito além da militância, sempre com sentido de resistência, insurgência e testemunho desses tenebrosos tempos contemporâneos.

-“Escrever sobre temas polêmicos é necessário para a reflexão coletiva, mesmo em tempos de cegueira, ignorância e violência”, diz Márcia Moussallem, e acrescenta: “A ideia é estimular o leitor a refletir sobre questões que envolvem a sua vida, a coletividade em que está inserido e os impactos na sociedade”, acrescenta.

-Leia e resista também. Leia, pense, sinta e reflita sobre. Como somos todos “dos filhos deste solo”, e como a ordem é para alguns, o processo é para uma elite, e o retrocesso institucional geral, o livro documenta, fomenta resistência numa soma de tentarmos – a arte como libertação – livrarmos o Brasil da escória que fede no poder.

-Juntos somos fortes. Quem escreve faz a história tomar tento e acontecer.

-Salve limpo pendão da esperança.

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Silas Correa Leite, professor, blogueiro e escritor, Conselheiro em Direitos Humanos e Cidadania


Autor de ‘O LIXEIRO E O PRESIDENTE”, Sendas Edições/Kotter Editorial, Curitiba-Pr.

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RESISTIR É REFLETIR

Márcia Moussalem, Editora UNI, 2019



 

 

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Romance Social O LIXEIRO E O PRESIDENTE, de Silas Correa Leite, Lançamento


 

 

Lançamento, Romance Social

 

Lançamento do livro O Lixeiro e o Presidente, de Silas Corrêa Leite

 

O Lixeiro e o Presidente

 

Mais do que um chamado “romance social” datado, crítico, irônico e destroçador, além de ser mais uma obra polêmica e diferenciada do autor, “O lixeiro e o presidente” tem tom de denúncia, de apontamento, investe na reconstrução sistêmica por meio da ironia e de outras escol(h)as literárias para, a partir desse lugar de fala/escuta da literatura levantar material histórico e repensar o espaço público. O LIXEIRO E O PRESIDENTE por meio de memória histórica/política/literária possibilita repensarmos aquilo que é/seria o agora da vida no âmbito público, mediante as vigas históricas desse finito, ou sistema que o antecede (…) “O lixeiro e o presidente” tem uma narrativa difícil de catalogar; seu gênero textual torce a ideia de romance e se aproxima da crônica, e do texto acadêmico, pois também é teórico. Um aspone ao lado de um Fernando Dois (e de “Fernando em Fernando o Brasil foi se ferrando”, disse o poeta), contando como é, como foi. Lixos, desmandos, bastidores e acontecências de um Palácio do Planalto em que a faixa presidencial foi literalmente jogada no lixo, e o real do plano econômico foi um embuste, sustentado por privatizações-roubos, (privatarias), moedas podres, engavetamentos de denúncias, entre achismos e mesmices de dentaduras, nhenhenhéns e outras falcatruas palaciais. O LIXEIRO E O PRESIDENTE vai botar a boca no trombone. Salve-se quem puder. Prepare-se. Entre pela porta dos fundos da história e remexa o lixo antes que proíbam o perigoso livro.

Inverno 2019 - ISBN: 978-65-80103-30-0

198 págs. Selo SENDAS da Kotter Editora, Pr


O AUTOR:

Silas Corrêa Leite

Poeta e escritor premiado nas horas vagas de reger aulas vivas, um criador que vaza pensares sobre seu tempo tenebroso (Brecht), sentidor e inventariante de incêndios, o autor Silas Corrêa Leite, zen-boêmico pela própria natureza, sonha consertar discos voadores, e, como disse no Programa Provocações da TV Cultura, de Antonio Abujamra, “corta os pulsos com poesia”. Plantador de livros polêmicos e diferenciados, acredita na arte como libertação, escreve alucilâminas, desvairados inutensílios e bulbos da sociedade pústula, ganhou prêmios de renome, consta em antologias e sites importantes, até no exterior. Sua frase predileta é “Feridos Venceremos”.  O LIXEIRO E O PRESIDENTE é apenas um relato dessa turva terra brasilis, feito antena da época (Rimbaud), pois, parafraseando Caetano Veloso, “desperto ninguém é normal”, e, se toda a história é remorso (Drummond), nesses bicudos anos neoliberais de muito outro e pouco pão, somos todos animais perante a lei, mas o homem-animal-político (Aristóteles) berra as sequelas sociais do ódio customizado, pois, como cantou Cazuza, os imbecis estão no poder, e o fascismo que sempre está no cio (Maiakovski) fede. Contar é preciso. Salve limpo perdão da esperança? A arte como libertação. O LIXEIRO E O PRESIDENTE como registro e delação. 

Contatos com o autor: poesilas@terra.com.br
 
 

 

 

 

 

sábado, 16 de fevereiro de 2019

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS, Romance de Silas Correa Leite, Resenha Crítica Literária do Romance


LETRAS

                    ‘Ele está no meio de nós’: um romance místico

                                                                                                    Adelto Gonçalves (*)

                                                           I

Depois de lançar ao final de 2017, o romance Tibete: de quando você não quiser mais ser gente (Rio de Janeiro, Editora Jaguatirica), o mais novo exemplo de um bildungsroman na literatura brasileira, Silas Corrêa Leite retorna à cena literária com Ele está no meio de nós (Curitiba, Kotter Editorial, 2018), que pode ser definido como um romance místico, religioso ou ecumênico, o primeiro de uma anunciada trilogia e que começou a ser escrito em 1998 e foi concluído em 2015.

Nos últimos tempos, Silas Corrêa Leite (1952) lançou também Goto, a lenda do reino encantado do barqueiro noturno do Rio Itararé (Florianópolis: Clube de Autores Editora), romance pós-moderno, considerado a melhor obra do escritor, e Gute-Gute, barriga experimental de repertório (Rio de Janeiro: Editora Autografia).

A exemplo daqueles três romances que foram recebidos com boas críticas, Ele está no meio de nós não foge à regra e ao estilo anárquico e demolidor do seu autor. Desta vez, porém, Silas Corrêa Leite entra num campo místico, às vezes, e evangélico, outras vezes,  narrando a história de um cidadão da mítica cidade de Itararé, localizada na divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná, que ficou para a história como local de um episódio pitoresco da chamada Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas (1882-1954) partiu de trem de Porto Alegre rumo ao Rio de Janeiro, então a capital federal, para empolgar o poder político, num golpe de estado típico em que a nascente elite industrial derrotou a decadente elite cafeicultora representada pelo presidente Washington Luís (1869-1957) e alguns velhos oligarcas de São Paulo e Minas Gerais. E, não por acaso, é também a cidade natal do autor.

                                               II

O romance narra as vicissitudes vividas por um cidadão pobre, renegado pelo pai empresário rico da cidade de origem, que, depois de décadas de muito trabalho e estudos na cidade de São Paulo, conseguiu subir na vida, tornando-se um new rich da chamada alta sociedade paulistana.  Apesar disso, Paulo de Tarso Trigueiro, o filho renegado, conseguiu seguir os passos tortuosos do pai e enriquecer, em meio a negócios nem sempre lícitos. Mas, um dia, o então chamado doutor Paulo de Tarso, ao sair de um luxuoso jantar numa zona nobre da capital paulista, tem uma visão que o faz descobrir que de pouco vale ajuntar tesouros na Terra.

 Ao contemplar do alto de um prédio os periféricos cantões miseráveis da cidade, o empresário recupera a sensibilidade sublimada com muito dinheiro acumulado de forma não necessariamente legal. E vê a situação de degradação a que muitos foram relegados para que corruptos pudessem usufruir a riqueza, através de negócios escusos, geralmente envolvendo recursos públicos.

É o que se pode constatar neste trecho de uma carta deixada pelo rico empresário a um filho: “Nasci pobre filho bastardo de pai rico que ignorou minha própria existência, lutei muito, trabalhei feito um espeloteado, passei fome, vi minha mãe morrer com o pouco que eu lhe pudera dar, no entanto, vim para Sampa e aqui carreguei meu fardo, combati o meu combate, fiquei rico, casei bem, tive filhos maravilhosos, tinha status, dinheiro, poder, força, a influência política, no entanto, NUNCA FUI FELIZ” (p. 116).

Ferido na alma, a personagem de Silas Corrêa Leite decide tomar uma decisão radical na vida, disposto a largar tudo e doar o muito que tem aos fracos e oprimidos, atendendo a uma máxima que Cristo preconizou nos Evangelhos, indo morar nas ruas com os fracos e oprimidos, para assim tentar encontrar Deus e ser salvo. Refugou a esposa, preparou os papéis legais para a nova vida, deixando a empresa para os filhos e a herança para quem de direito, doando parte de sua fortuna a casas de caridade. Como se tivesse sido exaltado por Cristo no caminho de Damasco, o doutor Paulo viraria o irmão Saulo ou o beato Saulo, indo morar nas ruas com os pobres, como forma de encontrar Deus.

                                               III

Na periferia e nos escombros da grande cidade de São Paulo, conhece também o mundo do crime, o mundo-cão. “Também, ali num ermo subterrâneo fétido, úmido e cheio de ratos de um canto na Avenida Paulista com a Estação Paraíso do Metrô, havia um Banco de Sangue que supria – à custa de doadores forçados (principalmente as instruídas vítimas do rol dos miseráveis) – os bancos paulistas, brasileiros e mesmo latino-americanos, pertencentes à chamada iniciativa privada. (...) Quando alguém morria por seguidas doações – eles estimulavam quimicamente – eram simplesmente desossados e os ossos vendidos como se de animais para fábricas de goma arábica, ou exportados” (p. 128).

Adaptado a sua nova vida, escreveria mais tarde a um dos filhos: “Não tenho que ouvir discursos pomposos, chatos, cheios de falsidade. Não tenho que apertar a mão de um ladrão e chamá-lo de “colega” quando são espertos e não experts, mesmo sabendo do superfaturamento de obras, de obras públicas inúteis, de quadrilhas de doutores, bacharéis, liberais e “autoridades” constituídas” (p. 118).

Por depoimento do autor ao final do livro, o leitor vai descobrir também que a história deste Paulo de Tarso moderno seria verídica, tendo o autor muito ouvido falar dele em sua Itararé natal e, depois, procurado parentes da personagem, que confirmariam muito do que ouvira, embora muitos tivessem preferido não se identificar, bem como mendigos recuperados que teriam assegurado a veracidade de muitos fatos. Além disso, teria localizado em Itararé os cadernos de rascunhos, que reproduz no livro. “Não inventei nada, nem enfoque ideológico ou religioso. Apenas formatei um relato do que de inteiro e crível entendi”, garante o autor. Cabe agora ao leitor conhecer e avaliar este livro que constitui um testemunho de esperança e fé na espécie humana, apesar de tudo.

                                               IV

            Silas Corrêa Leite é poeta, romancista, letrista, professor, desenhista, jornalista, resenhista, ensaísta, conselheiro diplomado em Direitos Humanos e membro da União Brasileira de Escritores (UBE), além de blogueiro e ciberpoeta. É formado em Direito, Geografia e cursou extensões e pós-graduações nas áreas de Educação, Filosofia, Inteligência Emocional, Jornalismo Comunitário, Literatura na Comunicação, entre outras.

Tem mais de 20 livros publicados, entre os quais Porta-Lapsos (poemas) e Campo de Trigo Com Corvos (contos). É autor ainda do primeiro livro interativo da Internet, o e-book O rinoceronte de Clarice. Foi finalista do Prêmio Telecom, Portugal.

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Ele está no meio de nós, de Silas Corrêa Leite. Curitiba: Kotter Editorial (Sendas Edições), 208 páginas, 2018. E-mail da editora: contato@kotter.com.br E-mail do autor: poesilas@terra.com.br

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(*) Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015) e Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br