HOJE EU ACORDEI...
Para Bill Gates
Hoje eu acordei assim... meio sem sinal
Pois nada de mim me ligava a nada...
Um alto sol ardido como baita sonrisal
E eu espumando a manhã raiada...
Faltava luz, faltava força, faltava o primordial
Nem Tim, nem Claro, nem Oi, nem Vivo; alma lavada
Eu era meio alguma coisa ali e tinha o essencial
Um horizonte aberto para o ar puro da jornada
Sem IPod, MP3, tablet, e-book, facebook… nada igual
Café frio, leite quente; a mesmíssima velha torrada
Senti-me um leque de seda se abrindo pro mundo real
Janelas, portas, coração com mimo: a alma habitada...
Súbito me sobe o sindico histérico feito um bagual
Dizendo da conexão do condomínio Flamboyant cortada
Se queria fazer pro suporte técnico a reclamação formal
Pelo prejuízo a todos causados na silencitude sitiada
Desliguei chorando... Esqueci TV, internet, celular, jornal
Quem mesmo era eu de novo ali - vida escancarada?
Um ser puro e pleno querendo me livrar de ser social
Sem qualquer rede de uma contemporaneidade ilhada
Estamos cercados no muro de tudo ser virtual
Que vida besta meu Deus – E a infância; e a juventude errada?
Filhos da Xuxa, do Orkut, do Twitter – filhos de ninguém e nada
Que falta de amor, de luz, de Deus, de afeto real?
A internet substitui a família; somos senhas. E a estrada
Esgotando horizontes entre arranha-céus e a escada
Guaritas, medos, rabos, antenas... e uma solidão pilhada
Tantas neuras, drogas. E a gaiola do vivencial fechada...
Voltei a dormir meu insano turno naquela nova estada
Sonhei uma outra vida, outro mundo, uma outra jornada
Muito além de mim, desse progresso, moderno, sacrificial
Porque talvez sonhando eu me livrasse de todo mal..
Mas muito triste acordei chorando de madrugada
A luz acesa, a tevê ligada, o computador dando o sinal
Que pesadelo de insano consumismo é uma rede social
Se as infovias efêmeras já não nos levam a nada?
-0-
Silas Correa Leite
Santa Itararé das Letras
E-mail poesilas@terra.com.br
WWW.portas-lapsos.zip.net
Para Bill Gates
Hoje eu acordei assim... meio sem sinal
Pois nada de mim me ligava a nada...
Um alto sol ardido como baita sonrisal
E eu espumando a manhã raiada...
Faltava luz, faltava força, faltava o primordial
Nem Tim, nem Claro, nem Oi, nem Vivo; alma lavada
Eu era meio alguma coisa ali e tinha o essencial
Um horizonte aberto para o ar puro da jornada
Sem IPod, MP3, tablet, e-book, facebook… nada igual
Café frio, leite quente; a mesmíssima velha torrada
Senti-me um leque de seda se abrindo pro mundo real
Janelas, portas, coração com mimo: a alma habitada...
Súbito me sobe o sindico histérico feito um bagual
Dizendo da conexão do condomínio Flamboyant cortada
Se queria fazer pro suporte técnico a reclamação formal
Pelo prejuízo a todos causados na silencitude sitiada
Desliguei chorando... Esqueci TV, internet, celular, jornal
Quem mesmo era eu de novo ali - vida escancarada?
Um ser puro e pleno querendo me livrar de ser social
Sem qualquer rede de uma contemporaneidade ilhada
Estamos cercados no muro de tudo ser virtual
Que vida besta meu Deus – E a infância; e a juventude errada?
Filhos da Xuxa, do Orkut, do Twitter – filhos de ninguém e nada
Que falta de amor, de luz, de Deus, de afeto real?
A internet substitui a família; somos senhas. E a estrada
Esgotando horizontes entre arranha-céus e a escada
Guaritas, medos, rabos, antenas... e uma solidão pilhada
Tantas neuras, drogas. E a gaiola do vivencial fechada...
Voltei a dormir meu insano turno naquela nova estada
Sonhei uma outra vida, outro mundo, uma outra jornada
Muito além de mim, desse progresso, moderno, sacrificial
Porque talvez sonhando eu me livrasse de todo mal..
Mas muito triste acordei chorando de madrugada
A luz acesa, a tevê ligada, o computador dando o sinal
Que pesadelo de insano consumismo é uma rede social
Se as infovias efêmeras já não nos levam a nada?
-0-
Silas Correa Leite
Santa Itararé das Letras
E-mail poesilas@terra.com.br
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