Páginas

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Poema Exílio, de Silas Correa Leite


Poema

EXILIO

Escrever
É meu autoexílio.

Perdoem as ilhas de fantasia.

Vejo o mundo
como um peixe no liquidificador
Vê a mão
Que aperta o botão.

Sou insolúvel.

Escrevendo tiro a aura
Para dançar.

Escrevivo
para existir-me (um pouco melhor)
Numa realidade substituta.

Não me sinto bem,
entre humanos.

Sou um caco de vidro de espelho
no cérebro de minha solidão-coivara.

Às vezes me simplifico
para tentar conviver com os outros.

Tenho medo do humano pouco humano; os outros.

Não procuro rimas. Mas endorfina.
Não escrevo estrofes. Mas placebos.

Que insulina é a POESIA na minha triste amargura?

Existir é tão pouco, não faz sentido...

Preciso tomar comprimidos para acordar?

Leio as vísceras da civilização.
Para isso fomos feitos?

Caço o que fazer. A rotina mente e empareda.

Escrevo feito um surto-circuito. Perdoem os endereços.

Somos todas cobaias do inferno.
Morrer é a única saída.

No exilio de minhas escritas, dissipo escuridões e abismos, e me imanto; me neutralizo...

Às vezes escrever é uma prancha terminal de navio pirata.
Outras vezes ilha, sextante e bússola,
onde me encontro com o que resta,

De minha sanidade possível.

-0-
Silas Corrêa Leite




Nenhum comentário:

Postar um comentário