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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Quando os Oceanos Choram Um Menino


Triste Poema Historial Contemporâneo

 

QUANDO OS OCEANOS CHORAM UM MENINO...

 

(Somos Todos Aylan Kurdi!)

 

 

“Toda história é remorso”

Carlos Drummond de Andrade

Para o Menino Sírio Aylan Kurdi, In Memoriam

 

 

... o corpo de um menino sírio morto veio emergir numa praia da Turquia

Como se o mar revolto não compactuasse com o horror do dezelo humanus

A Europa – berço da civilização – e o estertor do inumanismo ocidental

Quando os oceanos choram um menino, é o fim da dignidade da espécie...

 

... E a nossa nave Terra, que em chinês quer dizer exatamente isso, Menino

E as marés chorando um menino; é como se estivessem chorando a própria Terra

Pobres seres abandonados de qualquer ética plural comunitária humanista

A nova desordem econômica mundial, e o caos do capitalhordismo americanalhado em áreas pobres do planeta

 

Índios, negros, palestinos; destruição, escravismo, saques por ouro, prata, cobre, silício, petróleo, terra

E genocídios, sangue por óleo, colonizações exploradoras levando falso progresso

Mas quando seres famintos como sequelas do que deixaram procuram paz e pão, e o apoio sobrevicencial dos que os exploraram

São rejeitados como imigrantes pobres, doentes, famintos; refugiados. E as nações se recusam a ajudar o que é refugo do capitalismo-câncer

 

... o corpo de um menino sírio de nome Aylan Kurdi, filho de refugiados, que foi emergir numa praia da Turquia

Representa um escárnio da civilização europeia e mundial em total decadência

De uma guerra em que todos perdem, mas o insano e nefasto lucro-fóssil ganha

E esse menino morto é um atestado de falência moral da sórdida raça humana...

 

Os ventos choram, as árvores choram, as chuvas choram, choram todas as mulheres

Choram todas as mães, artistas, pensadores, sentidores; a sensibilidade arrebentada

A sociedade pústula, a Europa indigna, a América Cloaca de estrelas vermelha de sangue de explorados

E um menino prostrado passa a ser o símbolo da falência do futuro na vergonhosa historicidade judaico-cristã...

 

Quando a barriga do oceano chora um menino, deixando seu corpo a beira mar

É o fim. É o ranço do neoliberalismo câncer, de privatarias, da inumana terceirização neoescravista

Enquanto lucrarem com a fome, com a miséria, com a exploração de regiões pobres do mundo

Somos todos aquele Menino ilhado na miserabilidade do hediondo estrume social, contemporâneo...

 

Somos todos aquele menino Aylan  - futuro! – prostrado sob o sal enfermo de um litoral

Filho de injustiças históricas; tentando se refugiar muito além da fome, da guerra, da morte

Quando a terra e o sal da terra e do mar deixam morrer um menino a mingua da consciência humana

Não há mais humanos. O nosso remorso é apenas uma lágrima no oceano de riquezas impunes, de lucros injustos... num mar de insanidade palaciais de potências amorais...

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Silas Corrêa Leite, Itararé, São Paulo, Brasil, Sulamérica do Sol.


 

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