"Artistas de Itararé, Cidade Poema"

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Capital Artístico-Cultural Boêmica do Sul de São paulo

BLOGUE ARTISTAS DE ITARARÉ CHÃO DE ESTRELAS

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Clã dos Fanáticos Por Itararé, Cidade Poema

Palco Iluminado de Andorinhas Sem Breque

Os Dez Maiores Artistas de Itararé, Ano 2011

Dez Maiores Artistas de Itararé















01)-Maestro Gaya







02)-Jorge Chuéri







03)-Irmãs Pagãs







04)-Paulo Rolim







05)-Silas Correa Leite







06)-Paschoal Melillo







07)-Rogéria Holtz







08)-Dorothy Janson Moretti







09)-Regina Tatit







10)-Armando Merege







Itararé, Bonita Pela Própria Natureza

Itararé, Bonita Pela Própria Natureza
Nosso Amor já Tem Cem Anos

sábado, 24 de novembro de 2012

Poema de Natal Itararé 2012


Poema de Natal 2012
“Infância, Canto e Dor”
Para Fatoumata Diawara (Cantora Malinesa)

Escrevo porque tenho a necessidade de cantar.
Entre os beduínos, o homem que conduz os camelos, quando está só no deserto,
Ele canta. Eu estou lá.
Eu estou só e canto sobre a vida, sobre mim.
Outros vão escutar e, talvez, cantar também...
(Poeta Árabe Khalid Al-Maaly)

Começaste a cantar nas ruas, para recolher migalhas
Para colocar comida em casa – Eras uma criança
Cantavas em casamentos, batizados, becos de sombras, pontas de ruas, e dizias:
-Gente, eu Canto porque tenho fome...
Perdoem se meu canto é rude e primário e amargo e triste.
Se minha dor entrar em transe, e meu canto for melancólico, perdoem
Minha mãe meus irmãos precisam comer...
(Eu poderia morrer – sobraria mais comida pra todos eles
Mas, quem os sustentaria com o canto triste, feito um pardal rueiro?)
Ainda muito criança de tudo, cantaste nas ruas
Nas praças; a voz de inicio fraca como uma taquara rachada
Mas a dor engrossa a voz, afina a alma, tange a tristice. E os sentimentos  rompem como um canto da Terra de Guilgamesh
Olhem meus olhos. São tristes. Olhem minha cara. Tenho cara de pobre? Pois eu sou pobre.
Minha infância, meu canto, minha voz soando nos corações, o que diz?
Meus olhos às vezes ficam marejados quando eu canto.
(As pessoas não compreendem a dor que eu sinto.
Sou eu essa voz, essa dor, esse canto.)
Uma criança canta para a família não morrer de fome.
Não tenho dinheiro nem para alugar um simples tambor barato que me acompanhe feito um coração serelepe.
Não tenho forças nem para bater palmas com o meu cantar
Não tenho muita força nem para me manter em pé, me sustentar. Sou uma criança...
Mas é o meu canto que me segura; minha voz sustenta meu corpo fraco
Sou todo eu, essa voz que vocês ouvem
(Mas alguns me olham detravessado
Alguns se repugnam, como se eu fosse uma criança leprosa
Alguns têm medo da minha tristeza e da minha miséria
Mas eu sou só uma criança pobre de rua que canta)
Perdoem meu canto, minha dor de existir; preciso levar algumas moedas para casa
Para podemos louvar a Deus antes do prato de sopa de pedras
Perdoem se minhas lágrimas estão nos meus cantos, nas minhas vestes simples, nas minhas palavras...
Não posso nem dançar uma dança tribal; eu morreria de cansado, eu não teria forçar para sobreviver cantando e dançando
Então eu danço com a voz; perdoem o tambor do meu coração sofrido
Perdoem se eu sou uma criança com fome que canta
Levem meu Canto para onde forem. Suas casas, palácios, igrejas e clubes.
E cantem vossos cantos por mim também, em meu nome, em nome daqueles que vocês adornam no presépio elétrico...
Todos os dias as pessoas se afastam da religião e vão em busca de um Deus verdadeiro
Mas eu tenho fome, e tenho sede – e preciso das migalhas que caem das mesas de vocês...
Se vocês puderem me ajudar; seu não tiver atrapalhando o comércio e o lucro de vocês (e os deuses de vocês - e as guerras de vocês)
Sei que às vezes para os sábios, a fé remove religião, mas a única religião deveria ser o amor...
Mas, o que uma criança pode entender, se não só cantar a sua angústia, a sua opressão, a sua dor; a dor que lhe deram
E precisa se sustentar nessa dor para sobreviver
E levar alguns tostões para casa. E dizer à mãe abandonada; e dizer aos irmãos humildes e esperançosos: -Eis o meu suor, eis a minha dor, eis o meu sangue...
Comei e bebei de mim, de minha dor, de meu amor, de minha fé.

E todos se alimentarão do meu canto em sangue. E do meu amor lavrado de cantagonias...
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Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, Cidade Poema